“Todos mencionados em Vogue está mortos.”

Esta foi uma manchete que tentou abordar, com leveza e humor, a morte de Lauren Bacall em 2014. A dama, de ascendência judia, como muitos de seus contemporâneos em Hollywood foi citada no hit da cantora Madonna. Lauren foi, de fato, a última atriz mencionada a falecer, aos 89 anos, marcando a partida de uma das últimas estrelas da Era de Ouro de Hollywood para muitos.

Bacall, uma das divas do cinema clássico, transcende décadas e continua a ser uma fonte de inspiração para os amantes da sétima arte, mesmo uma década após sua partida. Diferente das vozes suaves e figuras delicadas das atrizes da época, sua voz rouca e presença magnética a distinguiram. Este ano, em seu centenário, revisitemos sua vida e carreira.

Embora Bacall tenha iniciado como modelo, sua jornada na indústria cinematográfica começou de maneira única ao lado da lenda do cinema Humphrey Bogart em “To Have and Have Not” em 1944, quando tinha apenas 19 anos. Mesmo não sendo o foco principal do filme, a personagem da diva é responsável pelos momentos mais memoráveis da obra.

A parceria entre Bogart e Bacall não apenas moldou sua carreira, mas também deu origem a uma das histórias de amor mais lendárias de Hollywood. Os dois artistas casaram-se em 1945, uma união que perdurou até a morte de Bogart em 1957. O casal teve dois filhos, vivendo um dos maiores romances na capital norte-americana do cinema. A atriz também manteve um documentado relacionamento com Frank Sinatra e um segundo casamento sem sucesso.

“Todos os homens foram erros… todos menos Bogart” 

                                    – Lauren Bacall

O “olhar Bacall” tornou-se sua marca registrada, simbolizando confiança e atitude, refletindo sua personalidade forte e independente. Ironicamente, esse olhar nasceu como uma forma que a atriz encontrou para controlar tremedeiras relacionadas à ansiedade.

As performances em filmes como “The Big Sleep” (À Beira do Abismo) e “Key Largo” destacaram essa presença magnética, inspirando o surgimento das Femme Fatales nos anos 50. Bacall brilhou nos teatros, conquistando dois prêmios Tonys e sendo indicada a Emmys, Grammys e Oscars. Na década de 90, a diva destacou-se em papéis coadjuvantes, incluindo o clássico “Louca Obsessão”, onde contracenou com James Caan.

Em 2009, Lauren Bacall recebeu um Oscar Honorário por sua contribuição às artes cênicas. Na velhice, a atriz participou de dublagens de filmes animados, onde sua voz eternamente rouca fez sucesso. Bacall não era apenas uma estrela de cinema; dedicou boa parte de sua vida a defender causas sociais e justiça entre civis. Seu ativismo incluiu o apoio aos direitos civis e sua postura firme diante das injustiças, independentemente do posicionamento político, mesmo sendo considerada uma liberal.

Mesmo após sua morte em 2014, Bacall continua a influenciar gerações de modelos e artistas contemporâneos, com seu estilo atemporal e talento como atriz inspirando muitos. Sua participação em filmes clássicos a mantém viva na memória dos entusiastas da sétima arte.

Lauren Bacall transcendeu a fama para se tornar um ícone de elegância e talento duradouro. Seu legado persiste não apenas nos filmes que deixou para trás, mas também na inspiração que continua a oferecer às futuras gerações de atrizes e admiradores do cinema clássico.