No próximo mês, uma das animações mais queridas da década de 1990 completa 25 anos: Anastasia. Inspirado por um dos maiores mistérios do século XX, o longa-metragem da Fox foi dirigido por Don Bluth, renomado por animações populares dos anos 1980, como A Ratinha Valente, Fievel – Um Conto Americano, Polegarzinha, entre outras.
Embora ofuscado pelos incomparáveis sucessos da chamada “Renascença Disney” (1989–1999), e frequentemente alvo de comparações compreensíveis, Anastasia revela uma sensibilidade surpreendente ao reinterpretar os acontecimentos históricos que inspiraram sua trama.
A verdadeira Anastasia
Anastásia Romanov era a filha mais nova do último czar da Rússia, Nicolau II. Ela e sua família foram exilados e posteriormente executados pelos bolcheviques, que assumiram o poder durante a Revolução Russa e fundaram o primeiro Estado socialista da história moderna. Os corpos dos Romanov foram enterrados em valas comuns, e o de Anastásia permaneceu desaparecido por décadas, alimentando rumores de que teria escapado do massacre.
Durante o século XX, diversas mulheres reivindicaram a identidade da grã-duquesa, sempre apresentando versões fantasiosas sobre sua suposta fuga. A mais famosa foi a alemã Anna Anderson, uma mulher mentalmente instável que afirmou ser Anastásia até a morte. Esses rumores ganharam popularidade mundial e inspiraram vários filmes — incluindo um que rendeu o Oscar de Melhor Atriz a Ingrid Bergman.
Com o fim da União Soviética, os restos de Nicolau II e da maior parte de sua família foram identificados e sepultados com honras. Posteriormente, os Romanov foram canonizados pela Igreja Ortodoxa Russa. O corpo de Anastásia só foi encontrado em 2007, encerrando oficialmente o mistério.
“Foi no mês de Dezembro”- Anastasia, a princesa que sobreviveu
O filme Anastasia acompanha a trajetória de Anya, uma jovem órfã sem memória de seu passado, que se revela a última sobrevivente da dinastia Romanov. Auxiliada por dois vigaristas que acreditam estar apenas lucrando com uma impostora, ela segue para Paris em busca de respostas. Enquanto isso, o vilanesco Rasputin, reimaginado como uma figura demoníaca, conspira para destruir a suposta grã-duquesa.
O longa tornou-se o maior sucesso da carreira de Don Bluth desde Fievel – Um Conto Americano, sendo indicado a dois prêmios Oscar. Recebeu críticas geralmente positivas, muitas das quais comparavam o filme às produções contemporâneas da Disney. O consenso era claro: Anastasia era um conto de fadas moderno, um musical envolvente e uma experiência encantadora para todas as idades.
As canções do filme são, em grande parte, um espetáculo à parte. Inspiradas nos musicais clássicos, integram-se harmoniosamente à narrativa, criando momentos emocionantes e memoráveis. Journey to the Past e Once Upon a December são as faixas mais celebradas da trilha sonora — baladas delicadas, comoventes e repletas de significados simbólicos.
O Legado de Anastasia
Mesmo após 25 anos, Anastasia permanece como uma animação cultuada e amplamente apreciada. Sua abordagem ficcional sobre o destino da última Romanov despertou o interesse de muitos espectadores pela mitologia e história da Rússia, especialmente pela tragédia da família imperial.
O sucesso do filme levou à sua adaptação para os palcos da Broadway, com mudanças significativas: os elementos fantásticos e a figura sobrenatural de Rasputin foram substituídos por um soldado bolchevique simpático à protagonista. A recepção ao musical foi mista, dividindo crítica e público.
Apesar de não ser historicamente fiel, Anastasia oferece um final feliz a uma figura envolta em tragédia. Com músicas encantadoras e uma animação visualmente rica, o filme de Don Bluth consolidou seu lugar entre os grandes clássicos da animação, rivalizando com os melhores títulos da Disney.