Quando um artista alcança êxito em sua carreira, os fãs sempre criam novos ‘títulos’ para criar uma aura mais etérea a determinada celebridade: Elvis Presley é o ‘Rei do Rock’; Michael Jackson é o “Rei do Pop’; Taylor Swift é “A indústria musical” para muitos e Madonna é popularmente conhecida como a “Rainha do Pop”.
A cantora, em seus 40 anos de carreira, quebrou recordes seguidos e mudou a maneira com que o feminino e o Queer eram percebidos pelo público em geral, muitas vezes desagradando grandes instituições com as suas declarações.
Aos 65 anos, Madonna já serviu de inspiração para vários artistas. Como a mesma disse em inúmeras vezes, o papel de um artista é perturbar a paz…E ninguém perturbou a paz com mais sucesso nos últimos 40 anos do que Madonna.
Seus primeiros sucessos como ‘Everybody’ e ‘Holiday’, lançados na transição do governo de Jimmy Carter/Ronald Reagan, exploravam o final da era Disco, focando mais na pista de dança do que causar uma comoção em si. A comoção em questão veio com seu segundo álbum ‘Like a Virgin’, que lançou músicas como ‘Material Girl’, ‘Into the Groove’ e obviamente ‘Like a Virgin’. “Material Girl” e “Like a Virgin” ganharam notoriedade por apresentar críticas à cultura materialista – popular na América de 1980 – e ambiguidade sexual que seguiria a performer até os dias de hoje.
Ao longo da década de 80, Madonna procurou aprimorar o seu repertório, explorando ritmos latinos -‘La Isla Bonita’; ou abordando assuntos polêmicos – ‘Papa Don’t Preach’. Com a chegada da década de 90, Madonna passou a explorar temas como erotismo e religiosidade com os polêmicos ‘Like a Prayer’ e ‘Erótica’, dois álbuns que fizeram até o Papa João Paulo II se manifestar contra a cantora.
Durante a Epidemia da AIDS, Madonna advogou em defesa da comunidade queer, estimulando sexo seguro sempre que possivel, criando uma rixa com a chapa presidencial Reagan-Bush. Em seus projetos, também procurava integrar diversidade racial e espalhar estilos de danças populares no submundo Queer -como ‘Vogue’.
Nesse período também, a cantora colocou sua carreira em risco com declarações referentes a sexualidade e gênero. O clipe de ‘Justify my Love’ foi banido da MTV por apresentar imagens de nudez sadomasoquismo e implicâncias de bissexualidade. Quando confrontada sobre o banimento, Madonna procurou expor a hipocrisia e a censura da cultura conservadora da época.
Nos anos 2000 e 2010, a Rainha do Pop manteve seu status, com lançamentos que abraçavam o moderno e, simultaneamente, o retrô, abraçando disco e o eletrônico. Sua performance icônica no show do intervalo do Super Bowl de 2012 também se tornou um marco em sua já consagrada carreira.
Madonna também procurou se achar no mundo do cinema: protagonizando filmes como ‘Dick Tracy’ e ‘Evita’; cantando a música tema para um dos longas de ‘007’ e dirigindo um drama sobre Wallis Simpson e a Crise da abdicação de Edward VIII.
INFLUÊNCIAS E LEGADO
Em seus shows, clipes e aparições públicas; Madonna se mostrou uma apreciadora das grandes divas da Era de Ouro de Hollywood e de diversos movimentos artísticos. Imitando Marilyn Monroe em “Material Girl” ou canalizando sua Marlene Dietrich interior, a artista sempre procurava referenciar filmes clássicos ou o glamouroso mundo das estrelas da Era de Ouro. Sua afinidade com o Expressionismo alemão se mostrou evidente no clipe de ‘Express Yourself’ e na sua reverenciada Blond Ambition Tour, onde referências ao clássico ‘Metropolis’ foram feitas.
Madonna causou seu impacto na moda com figurinos polêmicos, provocantes e que entraram para o imaginário popular. Principal musa de Jean Paul Gaultier, a Rainha do Pop usou peças milimetricamente planejadas para suas apresentações; Entre eles, está o corset cor de rosa utilizado durante as aberturas de seus shows do Blond Ambition Tour.
Com quarenta anos desde sua estreia, Madonna serviu como uma voz consistente para o mundo da música e serviu de inspiração para inúmeros artistas que, assim como ela, perturbaram a paz. Os primeiros passos dados por ela na década de 90, o sexy e o profano passaram a ser pautas exploradas em músicas em vídeos: clipes musicais como o de ‘Alejandro’ – da cantora Lady Gaga- ou de ‘Call Me by Your Name’- do performer Lil Nas X- não teriam ocorrido se o polêmico ‘Like a Prayer’ não tivesse sido lançado anos antes.
Embora não seja mais a principal, Madonna detém respeito e status, uma veterana em um mundo pouco gentil com mulheres de meia idade. Aos 65 anos e um legado invejável, A Rainha do Pop marcou seu lugar no panteão cultural, mudando a forma que o mundo via a comunidade Queer e pavimentando o caminho para um novo tipo de artistas femininas.