A cultura Camp é um movimento que parece estar entrelaçado com a cultura populardo Brasil. Seja com os turbantes de frutas de Carmen Miranda ou com o realismo fantástico dos folhetins de Dias Gomes, a presença do camp encontrou seu lugar em solo nacional. Uma das rainhas do Camp brasileira, conhecida por sua extravagância, foi a apresentadora Elke Maravilha
Conhecida por seu visual exagerado, Elke foi uma figura incerta e controversa: desde mentir sobre seu local de nascimento, até seus oito casamentos.
Diferente do que dizia, Elke Grünupp não nasceu em Leningrado na URSS, e sim em uma pequena cidade da Alemanha. Junto de seus pais, que procuravam fugir da miséria que se seguiu após a Segunda Grande Guerra, Elke veio para o Brasil e se estabeleceu na região Centro-Sul do país. Fluente em nove idiomas, ela passou a dar aulas antes de seguir a carreira de modelo, onde foi muito elogiada por sua beleza exótica.
Seu primeiro casamento foi com um escritor grego, que conheceu quando tinha vinte anos. Elke colecionou 8 maridos de diferentes nacionalidades , três abortos que dizia nao se arrepender de ter feito e inúmeras polêmicas em sua vida pessoal. Também se tornou uma grande entusiasta da comunidade LGBT, e serviu de inspiração para muitas drag queens.
Respeito os gays, e acredito que todos devem ter os mesmo direitos. Mas casamento? Não! Eu pensava que gay era inteligente, mas querer cometer os mesmo erros dos héteros?
– Elke Maravilha, 2013
A própria apresentadora dizia que tinha experimentado diferentes drogas durante suas vida, das mais inofensivas a chás alucinógenos nas residências de embaixadores internacionais.
Em 1972, durante o Regime Militar Brasileiro, Elke Maravilha teve sua cidadania cassada após ser presa no aeroporto Santos Dumont em um protesto relacionado ao desaparecimento de Stuart Angel, filho da sua amiga Zuzu Angel. Na mesma época, se tornou jurada em um dos programas de audiência de Abelardo Barbosa, o Chacrinha, com quem trabalhou por mais de uma década. Após trabalhar com Chacrinha e Silvio Santo- ,de quem não gostava- ganhou seu próprio programa de entrevistas.
Em seu programa, Elke recebeu o homem por trás de Vera Verão e uma Angélica em início de carreira. Embora um sucesso de audiência, o programa durou poucos meses
Sempre com uma mensagem positiva e com um visual extravagante, Elke se tornou uma figura extremamente popular e autêntica. Sua versatilidade na vida acabou por respingar em sua figura pública, esteticamente e completamente anarquista
Elke Maravilha morreu em 2016, aos 71 anos, vítima de uma falencia múltipla de órgãos. Sua figura, lembrada com curiosidade por fãs ao redor de todo Brasil. De um início de vida incomum na Europa pós guerra até as telas da televisão brasileira, Elke Grünupp tem seu lugar reservado no panteão cultural brasileiro.