Na tranquila atmosfera nórdica, sai de cena uma figura majestosa que personificou por meio século a estabilidade e, até certo ponto, modernidade: a Rainha Margrethe II da Dinamarca. Seu reinado chega ao fim após 52 anos no trono, sendo imediatamente sucedida pelo filho Frederick.
O anúncio de que a única Rainha Reinante restante da Europa iria abdicar de seu trono veio de surpresa em sua mensagem de Ano Novo. Na transmissão feita nas últimas horas de 2023, a monarca admite que algumas cirurgias durante o ano influenciaram sua decisão e que acredita estar tomando a decisão certa.
Nascida em 16 de abril de 1940, Margrethe Alexandrine Þorhildur Ingrid é filha do Rei Frederik IX e da Rainha Ingrid. Sua infância foi moldada pelos ventos de mudança que cercaram a Europa durante a Segunda Grande Guerra. Durante a juventude, não era esperado que Margrethe ocupasse o trono dinamarquês, mas sua popularidade e dedicação à casa real inspiraram seu pai a mudar as leis de sucessão.
Em 1972, Margrethe ascendeu ao trono, tornando-se a primeira rainha dinamarquesa em mais de cinco séculos. Vestida de preto na varanda do Palácio, onde o pai acabara de falecer, o início de um dos reinados mais duradouros da Dinamarca tomava forma.
A rainha Margrethe II é frequentemente descrita como um farol de estabilidade em um mundo em constante transformação. Ao contrário da Monarquia Britânica e suas fortes ligações com tradições, a matriarca da Casa Real Glücksburg mostrou-se aberta a diversas mudanças, tanto dentro quanto fora da instituição. Durante seu reinado, ela enfrentou eventos históricos significativos, desde a Guerra Fria até a ascensão da União Europeia. Sua habilidade em adaptar a monarquia aos tempos modernos é evidente em sua popularidade duradoura.
Diferentemente de muitas monarquias cerimoniais, Margrethe II desempenha um papel ativo na vida política da Dinamarca, servindo como uma figura unificadora. Embora suas funções sejam principalmente representativas, sua influência sutil é percebida em momentos cruciais. Seu compromisso com causas sociais e ambientais também a destaca como uma monarca moderna e consciente.
Diferente de sua prima, a finada Rainha Elizabeth do Reino Unido, Margrethe procurava afastar o elemento divino de sua posição, deixando que os seus súditos a vissem da forma que realmente era em momentos cotidianos, fosse fumando um cigarro ou voltando de um mercado com muitas sacolas em seus braços.
A monarca sempre foi uma entusiasta das artes e manifestações culturais, servindo como ilustradora para vários livros, incluindo uma edição especial da trilogia ‘Senhor dos Anéis’ ou cenografista e figurinista para inúmeras peças dinamarquesas. No final destes espetáculos, sua contribuição era feita pública e a mesma era ovacionada enquanto no palco
Além de sua vida pública, a rainha Margrethe II é uma mãe dedicada e avó carinhosa. Seu casamento com o príncipe consorte Henrique durou mais de cinquenta anos, marcando uma união notável, mesmo que Henrique não tenha recebido um título oficial dentro da dinastia. Seu legado familiar, que inclui seus filhos e netos, contribui para a continuidade da linhagem real dinamarquesa, colocando-os como príncipes e princesas extremamente modernos em artigos digitais.
Com seu reinado chegando ao fim, as monarquias europeias agora pertencem apenas a reis. Dito isso, a passagem de Margrethe pelo trono não apenas honra as tradições seculares, mas também redefine o que significa ser uma monarca no século XXI. Sua jornada extraordinária é uma inspiração para todos que buscam equilibrar tradição e modernidade em suas vidas.