Em 2007, Megan Fox ascendeu à fama global com sua atuação e presença magnética no filme ‘Transformers’ de Michael Bay. Apesar da trama envolvendo robôs alienígenas oferecer pouco conteúdo para ser trabalhado, Fox destacou-se pela sua beleza e sensualidade, brilhando sob os vapores de um Camaro amarelo.
No mesmo ano, Diablo Cody recebeu reconhecimento como roteirista de ‘Juno’. O drama cômico, protagonizado por Elliot Page, tornou-se um queridinho das premiações e dos cinéfilos, explorando temas controversos como a gravidez na adolescência e as complexas relações que mulheres de diferentes idades podem ter com aborto e adoção. A mulher levou o Oscar de Melhor Roteiro Original pela história apresentada.
As trajetórias divergentes de Diablo Cody e Megan Fox convergiram no filme ‘Jennifer’s Body’, conhecido no Brasil como ‘Garota Infernal’.
A trama apresenta Needy e Jennifer, duas amigas inseparáveis, apesar de muitas diferenças, cada uma ocupando um extremo social em uma escola americana. Após sobreviverem a um incêndio durante um show de uma banda de qualidade duvidosa com interesses sombrios em Jennifer, Needy começa a perceber que sua amiga não é mais a mesma, tendo sido possuída por um demônio faminto por homens.
Com Megan protagonizando os posters em poses sensuais e roupas provocantes, ‘Jennifer’s Body’ foi comercializado para dois principais públicos-alvo: o grupo restrito de adolescentes entusiastas do trabalho de Cody e homens entre 18 e 25 anos que desejavam ver Megan Fox sem ou com o mínimo de roupa possível. O mesmo pode ser dito em relação aos críticos na época do lançamento, com as audiências divididas: aqueles que aguardavam projetos semelhantes ao indie ‘Juno’ se decepcionaram, enquanto os que esperavam um estudo anatômico de Fox ficaram desapontados com cenas comedidas.
Inicialmente subestimado no lançamento, o filme ganhou status de cult feminista mais de uma década depois. Megan Fox e Amanda Seyfried expressaram afeto pelo projeto ao invés de o colocarem como uma experiência negativa de início de carreira.
As cenas em que o Succubus que habita Jennifer entra em ação testam a fisicalidade da atriz, que se contorce em posições animalescas. Um misto de erotismo e suspense permeia essas cenas, onde o corpo de Jennifer é apresentado como objeto de desejo momentos antes dela despedaçar gargantas, em sequências que não dependem de imagens extremamente gráficas, explorando mais no que o espectador não vê do que qualquer outra coisa.
Visto sob outra perspectiva, o filme aborda temas como cultura do estupro, amizade, sexualidade e abusos. A própria Fox se identificou muito com o papel, sentindo que o filme poderia traçar um paralelo com um período de sua carreira baseada em sensualidade. anos antes de ‘Promising Young Woman’, ‘Jennifer’ s Body’ apresentou a vingança feminina de maneira provocativa.
Apesar de suas imperfeições, o filme destaca o talento de Fox e Seyfried, antecipando projetos fascinantes no futuro. “Garota Infernal” transcende e encapsula a década de 2000 em sua cafonice nostálgica, revisitando o terror de forma pouco convencional, encontrando reconhecimento apenas após uma década, sem o impacto negativo do marketing do estúdio às vésperas do lançamento.