Durante a década de 2010, “Game of Thrones” serviu de exemplo para o desenvolvimento de inúmeras séries de fantasia com enredos brutais, além de trazer para as telas o mundo criado por George R.R. Martin. A série chegou ao fim em 2019, com uma temporada caótica e decisões controversas envolvendo a protagonista Daenerys Targaryen. Toda a boa fé criada foi destruída pelo desfecho insatisfatório, tornando um desafio para a HBO criar mais projetos em Westeros, até a chegada de “A Casa do Dragão”, que finalizou sua segunda temporada.
Ambientada 200 anos antes da morte do Rei Robert Baratheon e dos muitos conflitos que se seguiram por sua sucessão, Westeros se encontrava dominada pela Dinastia Targaryen e seus admiráveis dragões. Após a morte de sua esposa e herdeiro, o Rei Viserys nomeia sua filha mais velha, Rhaenyra, como herdeira legítima. Anos se passam, Viserys se casa com a amiga de infância de Rhaenyra, Alicent Hightower, e a legitimidade da ascensão da princesa é discutida por todo o reino quando a nova rainha consorte dá à luz meninos saudáveis que poderiam tomar seu lugar no trono.
Após a morte do pai, a coroação do meio-irmão e o assassinato do filho, Rhaenyra declara guerra ao restante de sua família, dividindo o reino entre os “Pretos” (cor oficial dos Targaryen) e os “Verdes” (o lado comandado por Alicent) em um conflito que faria as estruturas da dinastia tremerem e os dragões dançarem.
Embora tente corrigir muitos dos erros produzidos pelas temporadas finais de “Game of Thrones”, o foco principal da série é expandir seu próprio universo, estabelecendo aspectos internos que já serviram como padrão na produção original. O poder e o declínio da família Targaryen são pontos essenciais e centrais para a história, mostrando como a ambição e a ganância da dinastia se mostrariam fatais.
Enquanto as últimas temporadas de “Game of Thrones” priorizavam ação em detrimento de uma escrita cativante, “House of the Dragon” retorna às suas origens, com monólogos e estratégias de guerra, onde o principal foco era reunir aliados e como qualquer erro – por menor que fosse – poderia colocar facções umas contra as outras e o povo contra a elite. Tendo em vista a corrupção moral de Westeros nos tempos de Ned Stark, o mundo dividido de Rhaenys e Aegon serve como um dos muitos presságios apresentados no universo.
O conflito entre os Pretos e os Verdes reflete a disputa atemporal pela conquista do poder. A morte de inocentes e a destruição de símbolos sagrados são tópicos explorados na luta pelo Trono de Ferro.
Criaturas míticas que dão nome à série, os dragões não são estranhos ao universo televisivo de George R.R. Martin. Afinal de contas, o principal título de Daenerys era “Mãe dos Dragões”. Em “Game of Thrones”, existe pouca distinção física entre Drogon, Rhaegal e Viserion, um aspecto corrigido em sua derivada. Símbolos da supremacia valiriana, os dragões possuem aparência e personalidade próprias, representando a brutalidade mítica e furiosa do universo. Os melhores momentos da temporada ocorrem quando o relacionamento entre as bestas e seus companheiros é posto à prova.
Com mais uma temporada em produção, “Casa do Dragão” expande a queda dos Targaryens com elementos que remeteram aos dias clássicos de “Game of Thrones”, sem se afastar da brutalidade da guerra. A HBO procura recuperar os fãs desolados da série original, enquanto conquista novos seguidores em uma expansão relâmpago da franquia. Com grandes performances, efeitos incríveis e uma história complexa, “Casa do Dragão” tem tudo para renovar o impacto de seu antecessor, a menos que acabe em fogo e sangue.