Uma bailarina americana chega à Alemanha Ocidental para frequentar uma conceituada academia de dança, mas seu sonho toma rumos inesperados quando figuras misteriosas que assombram os corredores da escola começam a revelar suas verdadeiras intenções. Esta é a premissa principal de “Suspiria”, uma das obras-primas da carreira de Dario Argento e o primeiro filme de sua “Trilogia das Mães”, que se assemelha muito mais a um pesadelo do que a qualquer outra coisa.

Um conto de fadas sombrio, “Suspiria” segue as imprevisíveis aventuras de Suzy Bannion, sob a influência das enigmáticas Madame Tanner e Madame Blanc. Bruxas e mortos-vivos guardam segredos que aterrorizam as moradoras da academia, muitas das quais pagam com a vida por saberem demais.

Dario Argento cria um mundo tenebroso e colorido, utilizando cores quentes de forma exagerada: verdes e vermelhos saltam da tela, turvando a visão em uma estética que homenageia clássicos do Technicolor, como “E o Vento Levou” e “O Mágico de Oz”. Os visuais hipnóticos chamam a atenção pelo seu valor narrativo autêntico, transformando Argento em um diretor único.

A atmosfera criada por Argento gera inquietação até nos momentos mais sutis, seja pelos sorrisos desconfortáveis das professoras de Suzy, pelo vislumbre de um par de olhos demoníacos verdes ou pela cena em que um professor cego tem sua garganta dilacerada pelo próprio cachorro. O sangue, retratado de maneira estilizada, foi fortemente inspirado pelos filmes de terror cult da Hammer Films.

O filme, com seu roteiro não linear e sua pós-produção tumultuada, não foi bem recebido por críticos e audiências na época de seu lançamento, sendo considerado um fracasso. No entanto, com o passar das décadas e após inspirar diversos filmes do gênero terror, “Suspiria” se tornou um clássico cult e cativou uma nova audiência.

Em 2018, o diretor Luca Guadagnino lançou uma releitura do filme, estrelada por Tilda Swinton e Dakota Johnson, que explora mais a fundo temas socioeconômicos e políticos de uma Berlim dividida entre o capitalismo e o comunismo. Diferente da versão original, Guadagnino utiliza uma paleta de cores mais frias, ao mesmo tempo em que expande consideravelmente o culto de bruxas, abordando seus processos violentos e os abusos psicológicos sofridos pelas dançarinas. Apesar de bem recebido pela crítica, essa versão tenta adicionar complexidade à fábula sombria de Argento.

“Suspiria” é um filme sensorial que pode ser difícil de entender à primeira vista, mas certamente mergulha o espectador em um mundo escarlate, proporcionando uma primeira impressão chocante e capaz de assombrar por muito tempo.

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