Uma adolescente humilhada em seu baile escolar é levada ao seu limite, e decide se vingar. Esta premissa, hoje uma das mais clássicas- e triste- da história do terror, foi o pontapé inicial da ilustre carreira de Stephen King. 2024 marca o 50º aniversário de “Carrie, a Estranha”, um conto triste e assombroso que inspirou inúmeras histórias de terror e filmes do mesmo gênero.Como meios de explorar os talentos de Sissy Spacek e Chloe Grace Moretz, hoje revisitamos esse triste conto e seu lugar na cultura pop
Carrie White vive à sombra de ameaças e insultos de seus colegas de escola e sob a opressão de sua mãe, uma fanática religiosa. Após ser humilhada devido à sua primeira menstruação, Carrie descobre que possui poderes telecinéticos que começam a se manifestar em meio ao caos de sua vida. À medida que desenvolve essas habilidades e se prepara para o baile escolar, sua principal agressora trama uma vingança que altera o destino de todos os envolvidos.
A obra explora o impacto do bullying e a forma como a exclusão social pode levar uma pessoa ao desespero. Carrie representa a luta contra a opressão, e sua transformação em uma figura poderosa é tanto uma resposta ao sofrimento quanto uma crítica à crueldade social. O sofrimento de Carrie não se restringe aos colegas; sua mãe, Margaret, simboliza o fanatismo religioso, com uma visão distorcida da moralidade e punição que afeta profundamente a protagonista.
O foco da narrativa está na busca de Carrie por identidade em um mundo que a rejeita. Sua descoberta dos poderes é uma metáfora para o processo de autoafirmação, enquanto o uso descontrolado dessas habilidades no clímax da história reflete questões atuais, como os tiroteios em escolas nos Estados Unidos.
Stephen King utiliza uma narrativa em terceira pessoa, alternando entre a perspectiva de Carrie e a de outros personagens. Isso oferece uma visão abrangente dos eventos e emoções. O estilo é direto e impactante, com a construção de uma tensão crescente que culmina em um clímax explosivo. Os recortes de jornais fictícios ao longo do texto criam uma sensação de realismo na história.
A primeira adaptação cinematográfica, dirigida por Brian De Palma, trouxe Sissy Spacek no papel de Carrie. O mundo ao seu redor, retratado de forma fria e cruel, é implacável. A performance de Spacek, especialmente no massacre do baile, tornou-se icônica, garantindo sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz.
Outras adaptações tentaram reimaginar o filme original de 1976, como o piloto de uma série em 2002 e o remake de 2013, estrelado por Chloë Grace Moretz. A cena em que Carrie é coberta de sangue de porco tornou-se um marco na cultura pop, sendo replicada em diversas ocasiões, inclusive em produções da teledramaturgia brasileira.
“Carrie, a Estranha” é uma análise profunda das questões de poder, opressão e vingança, envolta em uma narrativa de terror e tragédia que marcou o estilo de Stephen King por décadas. Não se trata apenas de uma história de horror, mas de uma reflexão sobre as consequências do bullying, a luta pela aceitação e as complexidades da identidade humana.