Após 14 anos sem novidades sobre uma das franquias mais queridas do gore horror, finalmente tivemos um dos lançamentos mais aguardados de 2025: Premonição 6 – Laços de Sangue (do original Final Destination: Bloodlines), que chegou com força às salas de cinema brasileiras — e antes do esperado.

O filme retrata a história da família Campbell, assolada pelas consequências da visão de Iris Campbell (interpretada por Gabrielle Rose, com Brec Bassinger no papel da jovem Iris), matriarca da família, sobre o desastre da Skyview Restaurant Tower em 1968. O massacre, de proporções inimagináveis, é impedido, fazendo com que a Morte tenha um árduo trabalho para ceifar todas as vidas que, naquele dia, deveriam ter sido levadas… E é exatamente isso que ela faz.

Logo na cena inicial, temos um vislumbre do que seria essa catástrofe, seguido por um salto temporal abrupto de aproximadamente 57 anos, onde vemos sua neta, Stefani Reyes (vivida por Kaitlyn Santa Juana), tendo pesadelos com essa visão. A partir daí, desenvolve-se a premissa do filme, revelando como Iris vinha enganando a Morte e, ao mesmo tempo, protegendo sua família.

Em meio a mortes mirabolantes, conflitos familiares e uma tentativa de reinvenção narrativa a partir da fórmula que acompanhamos fielmente desde o primeiro filme, Laços de Sangue tenta homenagear o legado e a história do universo de Premonição. No entanto, falha miseravelmente na maioria dos aspectos que se propõe a explorar.

O primeiro ponto frustrante é o uso exagerado de CGI nas cenas de morte. Em certos momentos, parecia que eu estava assistindo a uma continuação do quarto filme, porém com algumas melhorias gráficas que, mesmo assim, não fazem jus ao que a franquia estabeleceu ao longo dos anos. Curiosamente, a melhor cena do filme é justamente aquela feita com efeitos práticos — e, infelizmente, é a única.

Toda a construção de tensão se concentra na abertura e na segunda morte da família Campbell. Fora isso, o restante do filme se torna uma sequência de situações absurdas que, na maior parte do tempo, provocam gargalhadas.

O ritmo do filme é apressado, o que compromete o desenvolvimento de um recurso que deveria ser central: o “playbook” da Morte, construído por Iris ao longo dos anos. Em alguns momentos, esse elemento serve como fanservice, ao incluir referências a outros acidentes fatais já mostrados na franquia, mas a conexão com os filmes anteriores é tênue. O treinamento oferecido a Stefani é superficial — ela lê o caderno uma única vez e afirma: “Ah, agora sei como decifrar a Morte” —, tornando o filme excessivamente explicativo, embora, por vezes, isso gere momentos cômicos.

Quanto aos personagens, não consegui me conectar com nenhum deles — diferente dos demais filmes (com exceção do quarto, que considero muito fraco), nos quais a formação dos grupos criava a expectativa de torcer por alguém até o final. Aqui temos a presença de Charlie Reyes (Teo Briones), irmão mais novo de Stefani; Darlene Campbell (Rya Kihlstedt), mãe afastada de Stefani e filha de Iris; Erik (Richard Harmon), Bobby (Owen Patrick Joyner) e Julia Campbell (Anna Lore), seus primos; além de Brenda (April Telek) e Howard Campbell (Alex Zahara), seus tios; e Marty Reyes (Tinpo Lee), pai de Stefani.

Entretanto, preciso destacar a breve, mas marcante, aparição de Tony Todd. Este capítulo revela por que William Bludworth sabia tanto sobre a lista da Morte: ele foi um dos sobreviventes do desastre da Skyview Tower, tendo sua vida conectada à de Iris desde então. O filme ainda faz referência à metodologia da Morte nos outros longas: ele seria o último a morrer no acidente, e Iris, a penúltima. Assim, quando a linhagem de Iris fosse encerrada, seria a vez dele. Seu discurso final é extremamente emocionante — trata-se da última cena gravada por Tony Todd antes de seu falecimento. A direção permitiu que ele ignorasse o roteiro e dissesse o que quisesse, já que estava debilitado. Seu depoimento foi único e tocante. Apenas uma coisa a dizer: obrigado por tudo, Tony Todd. Você será sempre lembrado como uma figura icônica do terror.

Ao longo da narrativa, vemos a Morte agir sobre cada membro da família de maneira exagerada, acompanhada de explicações da protagonista sobre como as mortes podem acontecer. O filme adota um tom cômico generalizado — muitas vezes eficaz —, mas que quebra a tensão pretendida. As mortes são caricatas e, como já mencionei, prejudicadas por um CGI sofrível.

O desfecho do filme repete a fórmula de sempre, com uma enxurrada de fanservice (até a Morte parece cansada daquele povo), em uma conclusão mais absurda do que o próprio filme. Gargalhei bastante, pois foi tão ruim que se tornou divertido.

No meu ranking pessoal, Premonição 6 – Laços de Sangue é uma versão “blockbuster” do quarto filme: falha na maioria dos aspectos que propõe, mas cumpre seu papel como entretenimento despretensioso.