Depois de um reinado de 70 anos, a Rainha Elizabeth II (1926–2022) faleceu, sendo imediatamente sucedida por seu filho, Charles. Sua morte ocorreu menos de uma semana após a nomeação da conservadora Liz Truss como primeira-ministra do Reino Unido — a terceira mulher a ocupar o cargo. A morte da Rainha marca o fim de uma era. Elizabeth ascendeu ao trono com apenas 25 anos, em um mundo ainda abalado pela Segunda Guerra Mundial e sob a constante ameaça do avanço comunista. Ao longo de seu reinado, presenciou transformações sociais e tecnológicas profundas que redefiniram o século XX e o início do XXI. Seja o observador favorável à monarquia ou não, é inegável que sua figura exerceu influência duradoura sobre a cultura global.
Com o sucesso da série “The Crown”, o interesse do público pelos bastidores da família real cresceu significativamente, reacendendo a empatia do Ocidente por Elizabeth II — algo que não se via com tanta força desde a morte da Princesa Diana. A série, ao mesmo tempo em que glamouriza, também critica a instituição monárquica, oferecendo um olhar íntimo sobre os conflitos internos da Casa de Windsor, liderada até então por Elizabeth.
Desde o início de seu reinado, Elizabeth foi alvo de críticas da classe artística. A sátira televisiva “Spitting Image”, por exemplo, retratava a Rainha como uma figura caricata e frequentemente embriagada. Na música, canções como “Her Majesty”, dos Beatles, e “God Save the Queen”, dos Sex Pistols, ironizavam a monarca e colocavam em xeque a relevância da monarquia britânica.
Produções mais recentes, como “The Audience”, “The Queen” e “The Crown”, mergulham no drama histórico para retratar diferentes momentos do reinado de Elizabeth II. Em especial, “The Queen” aborda a resposta da monarca à morte da Princesa Diana, revelando como a percepção pública da família real evoluiu — e como essa mudança afetou diretamente a imagem da Rainha. Tanto “The Crown” quanto “The Audience” destacam a relação de Elizabeth com seus primeiros-ministros e mostram como ela se adaptou às mudanças ao longo das décadas. Vê-se, por exemplo, uma jovem monarca insegura diante de Winston Churchill; uma mulher experiente em conversas cordiais com Harold Wilson; e uma soberana em constante atrito com Margaret Thatcher.
Elizabeth II deixa um legado que dificilmente será igualado. Quando subiu ao trono, o mundo era um; ao deixá-lo, era outro completamente diferente. Em sete décadas, sua figura moldou e foi moldada pela história, transformando a forma como o público enxerga a monarquia e redefinindo o papel simbólico de uma Rainha no século XXI.