Nem todo filme tem a sorte de se tornar um clássico instantâneo. Às vezes, uma obra precisa de anos — ou até décadas — para conquistar uma audiência fiel e alcançar o status de “clássico cult”, garantindo, pelo menos, algumas reprises em canais especializados. Entre os títulos que conquistaram esse reconhecimento estão The Rocky Horror Picture Show, Garota Infernal, Brazil: O Filme, Cry Baby… A lista é longa, e muitos desses filmes foram lançados entre os anos 1980 e o início dos 2000. Esse é o caso de Abracadabra, lançado em 1993 e protagonizado por Bette Midler. A trama acompanha três bruxas que retornam à vida após 300 anos, determinadas a se vingar da cidade de Salem. Enquanto as feiticeiras se adaptam (ou tentam) ao século XX, um grupo de jovens — e um gato preto falante — tenta impedir que o plano maligno das irmãs Sanderson se concretize.

Apesar da recepção morna na época do lançamento, o filme conquistou admiradores ao longo dos anos. Quase três décadas depois, revisitar Abracadabra durante o Halloween tornou-se tradição para muitos fãs, que apreciam a atmosfera encantadora e as performances carismáticas de Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy. Seguindo a onda de diversas franquias ressuscitadas, Abracadabra ganhou uma sequência quase trinta anos depois. Lançado diretamente em streaming, o novo longa marca o retorno das irmãs Sanderson, agora ainda mais excêntricas — e prontas para lançar novos feitiços sobre Salem.

Bem… por onde começar?

O ritmo e o tom irregulares do filme comprometem boa parte do primeiro e do terceiro atos, resultando em cenas pouco memoráveis e com desenvolvimento apressado. Os novos personagens carecem de carisma, trazendo o mesmo protagonismo genérico que assombra diversas produções do Disney+. A produção realmente ganha fôlego com o retorno das bruxas. A química entre as três atrizes continua afiada, assim como suas interpretações exageradas — no melhor sentido possível. As cenas em que as Sanderson interagem com a tecnologia moderna ou encaram Drag Queens conseguem arrancar boas risadas.

Ainda assim, mesmo com o carisma inabalável de Midler e suas companheiras, é evidente que o novo filme segue, quase passo a passo, a fórmula do original. Isso se reflete principalmente nos números musicais: enquanto “I Put a Spell on You” surpreendia no primeiro filme, as escolhas de “The Witches Are Back” e “One Way or Another” aqui soam co

 

mo itens obrigatórios a serem checados em uma lista. Abracadabra 2 parece ter sido feito por um fã apaixonado para uma geração inteira de admiradores, que se sentirão envolvidos pelas doces garras da nostalgia. Embora não alcance o mesmo charme ou impacto do original, cumpre bem seu papel: diverte e homenageia sua própria história. E, se esta for mesmo a última aparição das irmãs Sanderson… bem, é uma despedida digna.

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