O filme brasileiro ‘O Agente Secreto’ foi ovacionado com nove minutos de aplausos no Festival de Cannes 2025. Dirigido por Kleber Mendonça Filho e estrelado por Wagner Moura, o longa poderia ter sido ainda mais aplaudido, mas foi interrompido pelo próprio cineasta. Segundo a jornalista Jada Yuan, do ‘Washington Post’, foi “a mais longa e entusiasmada ovação que já vi até agora no festival”, com o público gritando “bravo!” em uníssono.
As primeiras críticas surgiram logo após a exibição e são unanimemente positivas. Os comentários destacam a obra como uma grande homenagem ao cinema, elogiando especialmente a tensão crescente ao longo da narrativa. O conteúdo político também tem sido amplamente comentado, revelando a profundidade temática do longa.
Wagner Moura já é apontado por críticos internacionais como um forte candidato ao prêmio de Melhor Ator, que será anunciado no próximo sábado (24). Na exibição pública realizada neste domingo (18), o ator compareceu ao lado de Maria Fernanda Cândido e outros membros do elenco. A chegada da equipe no tapete vermelho foi marcada por uma apresentação de frevo, contribuindo para a atmosfera vibrante inspirada na época retratada no filme.
O longa é considerado uma das maiores apostas brasileiras da temporada de premiações, iniciando sua trajetória rumo à cobiçada Palma de Ouro. Especialistas já o colocam como potencial concorrente ao Oscar 2026, na categoria de Melhor Filme Internacional. Vale lembrar que o Brasil é o atual detentor do prêmio, conquistado por ‘Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles.
Esta é a terceira vez que Kleber Mendonça Filho disputa a Palma de Ouro. Seus trabalhos anteriores na competição oficial foram ‘Aquarius’ e ‘Bacurau’. ‘O Agente Secreto’ marca sua quinta participação no Festival de Cannes.
Ambientado em 1977, o filme acompanha Marcelo (Wagner Moura), um especialista em tecnologia que tenta escapar de um passado obscuro ao se mudar para Recife em busca de paz. No entanto, ele rapidamente percebe que a cidade está longe de oferecer o refúgio que almeja. O suspense se desenrola em meio à densa atmosfera política e social do Brasil da década de 1970.
O elenco reúne ainda Gabriel Leone, Maria Fernanda Cândido, Hermila Guedes, Thomás Aquino e Udo Kier. A produção é uma coprodução entre Brasil (CinemaScópio Produções), França (MK Productions), Holanda (Lemming) e Alemanha (One Two Films), com distribuição nacional pela Vitrine Filmes.
Brasil em Cannes 2025
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, integra a delegação brasileira no Marché du Film 2025, o mercado de cinema realizado paralelamente ao festival. O evento promove encontros entre críticos, cineastas e produtores de todo o mundo. A ministra também deve se reunir com Rachida Dati, ministra da Cultura da França.
A delegação brasileira conta com 65 representantes do setor audiovisual, incluindo produtores, cineastas e agentes institucionais. A participação do Brasil tem o apoio do Ministério das Relações Exteriores (MRE), do Instituto Guimarães Rosa (IGR), da Embaixada do Brasil em Paris e da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
Durante o festival, estão previstas mostras de filmes em desenvolvimento, eventos de networking e apresentações de projetos para coproduções internacionais.
Segundo o Ministério da Cultura, a escolha do Brasil como país de honra em Cannes representa “uma oportunidade única de expandir nossas conexões, fortalecer diálogos e mostrar ao mundo a diversidade e a criatividade do cinema brasileiro”.