Batman, o alter ego mascarado do bilionário Bruce Wayne, é um dos heróis mais populares da cultura pop. Muitas animações trouxeram o personagem à tona sob novas perspectivas e adicionaram elementos ao seu cânone. A mais nova animação da Amazon Prime, “Batman: O Cruzado Encapuzado”, situa o mundo de Batman nos anos 40, em homenagem a um de gêneros cinematográficos mais famosos: o noir. Um dos responsáveis pelos conceitos apresentados na série é Matt Reeves, diretor do bem-sucedido “The Batman”, estrelado por Robert Pattinson, que apresenta uma temática semelhante. O diretor JJ Abrams também é um dos produtores executivos da série.

Nos seus primeiros anos como vigilante, Batman explora o submundo de Gotham, dominado pela corrupção e pela máfia, salvando quem pode em um mundo consumido pelo pior. A nova animação cria uma atmosfera completamente oposta à de sua versão mais atemporal, “Batman: A Série Animada”, com referências estéticas a clássicos como Casablanca e às obras de Hitchcock e Billy Wilder.

Enquanto “Batman: A Série Animada” evolui o personagem de Bruce Wayne e o mundo ao seu redor de maneira exemplar, “Cruzado Encapuzado” não desenvolve muito além do básico para seu protagonista humano: um homem assombrado pelos fantasmas de seus pais assassinados, apresentando seu personagem como um arquétipo unilateral do que conhecemos sobre o Batman. A parte mais cativante do personagem reside no fato de que o Homem-Morcego usa artimanhas muito menos tecnológicas do que estamos acostumados a ver em outras mídias.

Gotham City, a cidade mais corrupta dos quadrinhos, é a personagem principal dessa nova versão do Homem-Morcego. A decisão de ambientar a história nos anos 1940 serve como um artifício que intensifica a atmosfera noir. A cidade se assemelha à criada por Tim Burton em 1989 e 1992, com cada sombra revelando um mistério que será potencialmente resolvido por Batman. Seguindo um estilo episódico, com cada vilão assumindo o protagonismo em um episódio, a série acompanha a campanha eleitoral de Harvey Dent e sua decadência moral que o transformará no vilão Duas Caras.

O aspecto mais interessante dessa reinvenção do Homem-Morcego é a maneira como muitos dos vilões têm suas origens completamente remodeladas em contraste com o cânone conhecido. O estilo noir e a época em que a série se passa fazem com que alguns vilões ganhem destaque em relação às demais versões animadas. Uma versão da Arlequina sem a intervenção do Coringa, uma Mulher-Gato à la Hedy Lamarr e uma versão feminina e fatal do Pinguim são alguns dos destaques da série. Vilões que normalmente são difíceis de adaptar, como o Cara de Barro, ganham uma nova roupagem inspirada em artistas clássicos.

A narrativa visual, embora a animação vacile em muitos momentos, reflete uma falta de desenvolvimento na história, o que impediu “Batman: A Série Animada” de se consolidar como um dos maiores clássicos da história do heroi . Uma eventual segunda temporada pode trazer mais substância ao protagonista torturado e ainda apresentar diferentes versões de antagonistas clássicos, que certamente se tornarão favoritos dos fãs.

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