Tim Burton, conhecido por seus projetos visualmente excêntricos, enfrentou uma série de baixos em seus anos mais recentes como diretor, atingindo o ápice de sua frustração com a adaptação em live action de “Dumbo”. Produzir a história do elefante voador se revelou um desafio, devido às inúmeras interferências dos executivos, que acabaram tirando de Burton o controle criativo e seu entusiasmo por fazer parte da indústria cinematográfica. Cinco anos depois, o diretor californiano retorna, revisitando um de seus primeiros — e maiores — sucessos, oferecendo uma continuação.

Trinta e seis anos após a última aventura dos Deetz e dos Maitland, Lydia, agora apresentadora de um talk show sobrenatural, ainda é assombrada pelos eventos que vivenciou na adolescência. Quando sua filha, Astrid, se vê em perigo devido a um espírito desordeiro, Lydia, relutante, recorre a Besouro Suco, esperando que o poltergeist a salve. Enquanto isso, Besouro Suco é perseguido por Dolores, sua primeira esposa vingativa.

Embora não consiga capturar a atmosfera sombria e assustadora do primeiro filme, a sequência de Burton é bastante divertida, com Winona Ryder surpreendendo como uma protagonista cômica. O retorno a Winter River, quatro décadas depois, é feito com uma combinação de efeitos práticos e CGI. O humor cínico de Burton ressurge, com piadas mórbidas e de mau gosto, lembrando sua adaptação de “Sombras da Noite”, estrelada por Johnny Depp e Eva Green.

Apostando na tendência de revisitar obras nostálgicas, o longa não hesita em avançar a narrativa, em vez de apenas repetir o enredo do filme anterior. A ausência de alguns coadjuvantes do primeiro filme é explicada com comentários rápidos e sequências animadas, na tentativa de satisfazer os fãs mais exigentes. Além disso, há uma expansão da mitologia que envolve o mundo dos mortos.

Tim Burton retorna à direção com firmeza. A interferência executiva que marcou a produção de “Dumbo” é substituída por total controle criativo neste projeto claramente pessoal. Embora ainda distante de seu auge, o trabalho em “Os Fantasmas Ainda se Divertem” sinaliza uma retomada promissora.

Assim como Burton, os atores parecem se divertir ao retornar aos seus papéis icônicos: Michael Keaton demonstra que nunca deixou de ser Besouro Suco, sendo o ponto alto do filme; Winona Ryder evoluiu de uma garota excêntrica para uma adulta neurótica — e igualmente excêntrica; Catherine O’Hara e Jenna Ortega trazem nuances de seus personagens de “Schitt’s Creek” e “Wednesday”, respectivamente. Willem Dafoe é um alívio cômico necessário, interpretando um ator que acredita ser detetive, enquanto Monica Bellucci rouba a cena como a etérea Dolores.

Sucessor de uma das maiores comédias modernas, “Os Fantasmas Ainda se Divertem” é uma alternativa interessante para os fãs fervorosos de Tim Burton e de seu universo criativo, agradando com sua personalidade e originalidade. Se este filme marca o retorno de Burton às telonas, ao menos podemos dizer que a jornada não será tediosa.

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