Os anos 70 foram marcados pela ascensão de bandas de rock, abuso de drogas e a busca pela fama, então Taylor Jenkins Reid ataca novamente criando personagens fictícios tão reais, que você se pergunta se eles existiram ou não. A vida de um rockstar não é tão simples quanto parece ser.
Contando a história da formação e do declínio da banda, os sete personagens (e alguns extras que ninguém realmente liga) narram a história através do seu ponto de vista num roteiro muito bem estruturado. Explorando todos os ângulos da narrativa de forma intrapessoal, a proposta de ser uma entrevista com a banda que dissolveu em 1979 no meio de seu ápice é algo fascinante. Porém, existe um grande erro que parte do título do livro: Daisy Jones não é a personagem principal, a banda como um todo é.
Tive sérios problemas com a Daisy Jones pelo fato da autora tentar escrever uma versão dos anos setenta punk de Evelyn Hugo, mas ela acaba sendo apenas uma personagem desinteressante a ponto de que todas as vezes que ela fala, sinto apenas vontade de ignorar os diálogos dela por não inserir nada de extrema relevância na história. A inconsequência dela não é algo fascinante, é apenas desinteressante e problemático a ponto que você só liga para as letras dela e não pelo personagem. Em suma, o personagem é raso e poderia ter sido muito mais explorado, pois ela é dada como a it-girl da época.
Em relação aos outros seis integrantes da banda e seus cônjuges, só consigo pensar em uma palavra pra descrever: fascinante. Todos tem um papel fundamental no enredo e conseguem participar ativamente nos problemas intrapessoais um dos outros, explorando assim cada detalhe do que é viver essa vida de rockstar e como os vícios e virtudes se chocam nessa caminhada, mostrando as felicidades e dores de cada personagem até as últimas páginas do livro.
Gostaria de dizer que o formato do livro permitiu que o audiobook fosse algo extremamente prazeroso de se escutar, porque o elenco de vozes (sim, cada personagem tem uma voz) junto ao enredo criam uma janela de verossimilhança tão fluída que me fez sentir que estava escutando mesmo a entrevista com todos os personagens em um longo podcast de nove horas de duração. Simplesmente fantástico!
Em resumo, o livro é muito bem escrito e abre margem para discussões de extrema importância, criando uma atmosfera que lentamente te envolve no mundo dos rockstars dos anos 70. Taylor Jenkins Reid conseguiu, mais uma vez, escrever personagens extremamente reais na qual você consegue se identificar e chorar com suas dores (em grande parte), retratando comportamentos de extrema problemática e suas consequências junto a questão do perdão. Uma história incrível com personagens, em sua maioria, incríveis.