Figuras de primeiras-damas variam muito dependendo da cultura do país e da época em que elas ocuparam tal cargo. Nos EUA, muitas das cônjuges dos presidentes são tão lembradas quanto os próprios políticos. A Argentina teve Evita, Isabel Perón e Cristina Kirchner, duas das quais eventualmente ocuparam o cargo de presidente. As primeiras-damas brasileiras são mais lembradas por seus estilos do que por suas iniciativas. No entanto, uma das primeiras-damas mais infames da história veio das Filipinas: a ‘borboleta de ferro’, Imelda Marcos.

Imelda, esposa do presidente Ferdinand Marcos, que presidiu as Filipinas entre 1965 e 1986, é considerada uma das mulheres mais poderosas e controversas do século XX. Seu apelido, “Borboleta de Ferro”, foi dado por seu estilo glamouroso e comportamento autoritário, sendo diretamente associado à ex-primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher.

Filha de membros de um clã político da alta sociedade filipina, Imelda se casou com Ferdinand após 11 dias de namoro. Em sua juventude, sua beleza e elegância foram notadas em concursos de beleza de sua província, algo que foi fundamental na campanha presidencial de seu marido e em seu eventual primeiro mandato. Suas funções nos primeiros anos seguiram o padrão costumeiro de uma primeira-dama, sendo bastante admirada pela classe trabalhadora.

Considerada uma das mulheres mais elegantes do mundo, a gananciosa Imelda Marcos tinha uma coleção de mais de 200 obras de arte, vestidos caros e cerca de 3000 pares de sapatos. Enquanto Imelda vivia uma vida luxuosa, as Filipinas enfrentavam miséria e fome. O governo de Ferdinand Marcos foi responsável por 3.257 assassinatos extrajudiciais conhecidos, 35.000 torturas documentadas, 77 desaparecimentos e 70.000 encarceramentos.

A “Borboleta de Ferro” foi uma peça fundamental para o governo de seu marido, servindo como embaixadora do país e encontrando-se com chefes de Estado da época, desde o presidente Lyndon B. Johnson até Saddam Hussein, sempre se vangloriando de quão ocupada e importante era seu círculo de conversas. Quando Ferdinand decretou a lei marcial no país, Imelda cresceu politicamente, tornando-se ministra, senadora e governadora de várias províncias filipinas.

Ferdinand foi deposto após 21 anos no poder, e toda sua família partiu para o exílio no Havaí. O ex-presidente morreu em 1989, e o restante da família foi perdoada em 1991, retornando às Filipinas. De volta à terra natal, Imelda retomou a vida política, participando de uma eleição presidencial, na qual terminou em quinto lugar, e tornando-se deputada em duas ocasiões, entre as décadas de 1990 e 2010.

Com seu retorno às Filipinas, Imelda foi julgada inúmeras vezes por corrupção, sendo absolvida em quase todas as ocasiões. Com a descoberta de fundações privadas criadas para esconder sua riqueza durante os mandatos de seu marido, um tribunal filipino condenou a ex-primeira-dama a mais de 40 anos de prisão em 2018. No entanto, às vésperas de seu 95º aniversário, ela continua em liberdade.

A velhice de Imelda Marcos continua opulenta, e sua influência política ainda está presente, com seu filho mais velho, Bongbong, sendo o atual presidente das Filipinas. A “Borboleta de Ferro” se tornou sinônimo de glamour e autoridade, com seu nome servindo de referência tanto no mundo da moda quanto na política. Ferdinand pode ter sido responsável por anos sombrios nas Filipinas, que levaram o país à miséria, mas Imelda era igualmente fatal e gananciosa.

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