Quando o Rei Charles III, do Reino Unido, foi diagnosticado com câncer, todas as suas atividades públicas foram adiadas, limitando o chefe de estado inglês a funções mais simbólicas e menos exigentes. Com a incapacidade de William e Catherine, de Gales, de prosseguirem com seus compromissos públicos, uma pessoa se destacou como um dos pilares modernos da família real: a Rainha Camila, popularmente conhecida como Camila Parker Bowles.
De meretriz real a rainha, a consorte do atual monarca, Camilla, tem se mostrado um membro dedicado da família real britânica desde que se tornou parte da Casa Windsor em 2005. Em um árduo trabalho de reabilitação de imagem, Camilla passou de “Rottweiler” a “Rainha”, sendo agora bem aceita pelo público e pelos demais membros da monarquia europeia.
Nascida Camila Shand, sua família não era alheia aos círculos reais: sua bisavó, Alice Keppel, foi uma das amantes favoritas do trisavô de Charles, o Rei Eduardo VII. Camila teve uma infância feliz e convencional, tornando-se uma amante de livros e animais. Matriculada em várias escolas privadas no interior da Inglaterra, Camila sempre se destacou e se mostrou à frente de seu tempo dentro de sua família.
Camilla iniciou um relacionamento inconstante com Andrew Parker Bowles, marcado por términos e reconciliações, na década de 1960. Ela conheceu o então Príncipe de Gales na década de 1970. Charles e Camilla tiveram um breve namoro antes de o herdeiro do trono britânico focar em sua carreira na Marinha Real. O casamento de Camilla com Parker Bowles se deteriorou ao longo das décadas, enquanto seu vínculo com o Príncipe de Gales só se fortalecia.
A família real não considerava Camilla uma noiva adequada para o futuro rei, preferindo escolhas de famílias ligadas à coroa, como os Spencers e os Knatchbull. Quando foi anunciado o noivado entre Charles e Diana Spencer, Camilla encontrou-se com a noiva de maneira amigável – evento dramatizado na série The Crown – e esteve entre os convidados da cerimônia. A proximidade entre Charles e Camilla irritava a jovem Princesa de Gales, seja por presentes que o marido usava (como abotoaduras com ‘C’s gravados) ou por sua constante presença no casamento.
A popularidade de Diana e a falta de discrição de Charles e sua amante fizeram com que o triângulo amoroso ganhasse manchetes por toda a Inglaterra. Quando os casamentos se tornaram irremediáveis, tanto os Parker Bowles quanto os Gales se divorciaram. Diana repaginou sua aparência e procurou ofuscar qualquer tentativa de reabilitação de imagem de sua rival. Quando a Princesa de Gales morreu, em agosto de 1997, Camilla preferiu se afastar um pouco de Charles para que ele pudesse dedicar mais atenção à família e aos filhos.
Retomando o relacionamento de maneira pública com a chegada do novo milênio, Charles deixou clara a intenção de se casar, o que ocorreu em 2005 com a bênção de Elizabeth. Com o título de “Duquesa da Cornualha”, Camilla se mostrou um membro importante da família, advogando em instituições focadas em educação, osteoporose e apoio a vítimas de abusos sexuais. Embora vivesse eternamente à sombra do legado de Diana, a Duquesa da Cornualha se tornou um membro essencial do círculo moderno da Família Real.
Com a morte de Elizabeth II e a ascensão de Charles III, Camilla se tornou Rainha Consorte e a mulher mais poderosa da família. Seus anos como rainha ainda são poucos, mas demonstram uma dedicação ao seu dever. Sua participação na coroação foi a primeira de uma consorte desde 1937 e, mesmo com muitas questões relacionadas ao público e movimentos republicanos, o evento foi um sucesso.
Vinte e cinco anos após a morte de Diana, a imagem de Camilla é melhor recebida pelo público em geral, devido à sua discrição, ao profundo patrocínio de suas instituições e à sua maior receptividade aos súditos de seu marido. Com a ausência do casal Gales e em meio aos tratamentos do atual monarca, Camila se tornou uma peça fundamental para evitar o total declínio da monarquia moderna.