Madonna e Taylor Swift são duas potências da indústria musical, impulsionando economias e quebrando recordes com cada passo que dão. Em 2023, ambas as artistas deram início a turnês celebrando suas carreiras e os estilos que as inspiraram ao longo dos anos. Apesar de compartilharem muitas semelhanças, suas performances entre 2023 e 2024 proporcionaram experiências distintas, mesclando perspectivas comerciais e simbólicas.

Disponíveis na íntegra em plataformas de streaming como Globoplay e Disney Plus, os dois shows promovem reflexões sobre as cantoras, suas iconografias e seus papéis na indústria musical.

The Eras Tour – a joia da coroa de Taylor Swift

Iniciada em março de 2023 e com previsão de término para 2025, ‘The Eras’ reúne muitos clássicos da cantora natural do estado da Pensilvânia em atos bem estabelecidos e com estéticas variadas. De “Miss Americana and The Heartbreak Prince” a “Karma”, o evento apresenta narrativas aclamadas de Taylor Swift, incluindo duas músicas fora da setlist ao final de cada show.

Durante os primeiros meses da turnê, acompanhamos os processos pessoais da cantora nas noites de apresentação: seu término com o ator britânico Joe Alwyn, o breve relacionamento com o polêmico Matt Healy e o início de seu namoro com o jogador Travis Kelce. As Eras, desenvolvidas com efeitos práticos e com o palco em formato de diamante como peça fundamental, mostram a evolução da artista loira.

Swift não divide o palco, assumindo o papel de estrela principal junto a seu seleto grupo de dançarinos, que surgem em momentos adorados pelos fãs. Interativos, os discursos da cantora buscam demonstrar gratidão aos fãs e frequentemente incluem anúncios de lançamentos inéditos. Uma das raras ocasiões em que compartilhou o palco foi na véspera do lançamento de “Speak Now (Taylor’s Version)”, quando o ator Taylor Lautner e outros colaboradores se juntaram à artista.

A passagem caótica da cantora de “Shake it Off” em solo brasileiro foi marcada pela morte de Ana Clara Benevides no primeiro show no Rio de Janeiro, além do adiamento de última hora da performance agendada para 18 de novembro, devido às extremas temperaturas e à má gestão por parte da empresa responsável pelo evento. A breve estadia de Taylor em território nacional e a falta de pronunciamento direto após a morte de Benevides colocaram à prova a admiração de muitos fãs e a percepção que estes tinham da americana.

The Celebration Tour – a “Canção de Cisne” de Madonna?

Em 2023, Madonna completou 40 anos de carreira e anunciou uma turnê que visava celebrar esse marco. Aos 65 anos e recém-saída de uma infecção bacteriana que a colocou na UTI, a cantora apresentou um compilado de muitos sucessos, culminando na performance histórica na Praia de Copacabana.

Embora demonstre muita vitalidade em suas performances, o show de Madonna possui um peso muito mais simbólico do que comercial. Com uma equipe diversificada – que inclui três de seus filhos – e várias colaborações, o espetáculo carrega o nome da cantora, mas ela está longe de ser a única estrela do evento.

Acusada por muitos ao longo dos anos de apropriação de elementos da cultura Queer, a responsável pelo “Celebration Tour” procurou integrar elementos da dança nova-iorquina e do ‘voguing’ em interpretações artísticas, refletindo a importância dos mesmos. Madonna continua a explorar o sensual e o profano em apresentações de clássicos como “Vogue” e “Like a Prayer”. Seus discursos demonstram gratidão pelas diferentes gerações que a acompanham e estão sempre envoltos em seu humor grosseiro e piadas de duplo sentido.

O show serve como uma plataforma para diferentes tipos de homenagens a figuras de sua vida: desde silhuetas dançantes que reverenciam sua juventude e o falecido Michael Jackson, até um comovente tributo às vítimas da epidemia da AIDS. No show brasileiro, Cazuza e Renato Russo fizeram parte deste tributo.

Depois de uma semana repleta de ataques de estrelismo e narcisismo, a “Material Girl” reuniu mais de um milhão de pessoas na orla de Copacabana no encerramento de sua turnê histórica. Acompanhada de Anitta e Pabllo Vittar, a cantora encerrou -visivelmente grata e emocionada- um dos maiores atos de sua carreira em um período em que sofre constantes ataques de etaristas e sua contribuição para a cultura pop é obscurecida por artistas focados apenas em estatísticas. 

Com ‘Celebration” e “The Eras”, o reconhecimento do passado e a expectativa de um futuro brilhante para a Indústria Musical mostra diferentes facetas dessas duas artistas que moldaram Gerações. Advocando por causas que assolam o mundo a mais de quarenta anos ou transformando narrativas pessoais em músicas de sucesso, essas duas turnês prometem entrar para a história da cultura pop.