“Um Lugar Sillencioso” chamou atenção instantaneamente quando teve seu primeiro trailer lançado em 2017, trazendo uma premissa que caminhava pelo lado oposto ao que estávamos acostumados a ver em um filme de terror ou suspense, colocando o silêncio como principal fator narrativo. O longa foi bem recebido e lucrou uma quantidade exorbitante para um filme do gênero, fazendo com que a sequência fosse automaticamente confirmada. Ela estava prevista para chegar até nós no ano passado, quando infelizmente, não ironicamente, uma pandemia mundial acabou atrapalhando seu lançamento, atrasando o filme pós-apocalíptico para Abril desse ano nos EUA e para Julho por aqui.

Mesmo com o final em aberto, esse universo nunca precisou se explicar. O público tinha acesso apenas a certo momento da vida dos Abbott e as poucas informações serviam para manter a imersão na história. Mas como estamos falando de Hollywood, onde a arte é constantemente esticada se os cofres do estúdio forem enchidos, tivemos uma continuação não tão necessária, mas que acabou acrescentando mais na mitologia desse universo. Novamente dirigido por John Krasinski, era difícil não colocar expectativas após o seu trabalho eficiente no filme de 2018. A história tem seu ponto de partida momentos após o término no primeiro, onde acompanhamos a família Abbott (ou o que restou dela) diante dos transtornos causados pelos já conhecidos monstros que se alertam com o som, logo após descobrirem uma maneira de eliminá-los.

Os acontecimentos traumáticos vividos pelos personagens no longa anterior servem para enriquecer suas personalidades e dar um novo propósito para cada um deles, desenvolvendo-os de forma particular e pertinente para a ampliação da narrativa. Talvez o único que não se enquadre nessa colocação seja o personagem de Noah Jupe, que está aqui basicamente para fornecer propósito para a personagem de Emily Blunt. Ora ele passa por uma coincidência desfavorável, ora tem uma atitude extremamente estúpida, que serve apenas para preencher o propósito daquele arco. Por outro lado, isso não é tão negativo para Blunt, que agora precisa assumir sozinha a maternidade num momento ainda mais desfavorável e conturbado.

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Conhecemos também um pouco mais sobre a origem dos monstros, mesmo que de forma singela, podendo enxergar um cuidado constante no roteiro de Krasinski para não contar além do necessário. A fraqueza das criaturas, mostrada no final do capítulo anterior, agora serve para que a caminhada desses personagens tenha um novo propósito, que é colocar esse método de proteção em prática, fazer com que mais pessoas tenham ciência da, até então, única maneira de eliminar essas criaturas. Em vários momentos, o filme deixa o silêncio de lado (que ironia!) e opta por sequências de ação, sendo frenético por muito mais tempo que o anterior, entregando um prato cheio para alguns, mas que talvez seja algo prejudicial para quem espera algo mais calmo e contido, que era a marca do filme original.

A decisão inteligente de transformar o filme em 2×1 talvez seja um dos pontos mais fortes aqui, abrindo espaço para um desenvolvimento mais direcionado, dando tempo de tela suficiente para que cada um dos quatro personagens mantenham a história em ação. Quando o filme caminha para os seus minutos finais, onde acontece a junção dessas pontas narrativas, a direção de John Krasinski se mostra ainda mais criativa, com uma sequência linda de se assistir, além de deixar o público ainda mais curioso pela parte 3. Resta aguardar e torcer para que o já confirmado capítulo final seja tão bom quanto os anteriores, transformando “Um Lugar Silencioso” em uma trilogia que com certeza será lembrada por muito tempo.

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