Após o suicídio histórico de Getúlio Vargas, muitos de seus diários foram publicados. Entre as diversas informações divulgadas, certos termos eram constantemente utilizados pelo falecido presidente da República: “Bem Amada” e “encanto da minha vida”. Esses apelidos não se referiam à sua esposa, Darcy Vargas, mas a uma dama em particular: a socialite paranaense Aimée de Heeren. Embora seja lembrada como uma potencial amante de um dos políticos mais importantes da história do Brasil, Aimée é uma figura merecedora de igual atenção.

Criada em um ambiente rico, Aimée Soto Maior de Sá se casou com Luís Simões Lopes, chefe do gabinete do Presidente Vargas, e se mudou para a sede oficial do governo, o Palácio do Catete. Embora nunca tenha negado ou confirmado o relacionamento, a proximidade entre o presidente e a socialite causou conflitos entre eles, Darcy e Simões. Durante sua estadia no Palácio Presidencial, Aimée conheceu diferentes chefes de estado e figuras relevantes, todos encantados com a elegância e a personalidade forte da modelo.

A mando do alto escalão do governo brasileiro e com o conhecimento das simpatias de Getúlio pelas forças do Eixo, Aimée foi uma das agentes enviadas à França para convencer o “pai dos pobres” a não se aliar às forças totalitárias. Durante seu período em Paris, a modelo adquiriu informações essenciais sobre a Alemanha de Hitler e formou uma amizade com uma agente nazista e estilista conhecida como Coco Chanel. Após a ocupação alemã do território francês, Aimée fugiu para os Estados Unidos, onde construiu relações com membros da família Kennedy e conheceu seu segundo marido, o Primeiro Conde de Heeren.

Embora longe das páginas dos livros de história e do reconhecimento das grandes representações midiáticas, Aimée foi um marco: sua presença foi politicamente relevante para um dos maiores políticos do Brasil. Sua elegância foi mundialmente reconhecida, chegando a ser considerada a terceira mulher “mais bem vestida do mundo”, ficando atrás somente da Duquesa Wallis Simpson e Babe Paley, uma das “Cisnes de Capote”. Além do glamour, a paranaense era conhecida por suas festas e sua personalidade hospitaleira.

Aimée de Heeren se tornou uma figura bem-vinda em cerimônias da nobreza, da elite e de Hollywood. A socialite esteve presente em momentos marcantes do século XX, como a coroação da Rainha Elizabeth II e a posse do presidente Ronald Reagan. Aimée também participou de vários casamentos históricos, como o de Grace Kelly e Rainier, JFK e Jackie, e o do Príncipe Charles e Diana.

Com a chegada da velhice, a ex-modelo não perdeu a vitalidade, mantendo-se ativa e desfrutando do luxo acumulado durante a vida, desde cursos online até a participação em aniversários reais. Aos 102 anos, nadava no Oceano Atlântico quando estava hospedada na cidade de Biarritz, no sudeste francês. Depois de viver uma vida notável, a socialite morreu em Nova York de causas naturais, aos 103 anos.

Da “Bem Amada” de Getúlio Vargas a frequentadora de círculos exclusivos, Aimée de Heeren está entre as brasileiras mais notáveis da modernidade, encapsulando o poder no luxo e na elegância. Agente contra o fascismo e símbolo de beleza, essa socialite fez uma jornada do Brasil para o mundo.

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