Um esplêndido nascer do sol na savana africana, com bandos de animais reunindo-se ao redor de um rochedo, enquanto um babuíno esguio segura um filhote de leão. A abertura de “O Rei Leão” tornou-se instantaneamente um clássico. Lançado durante o período conhecido como “Renascença Disney”, que estabeleceu pilares fundamentais para a companhia, o filme dirigido por Rob Minkoff mescla o drama shakespeariano com o charme característico do estúdio. Esta obra-prima da animação celebra trinta anos em 2024, mantendo sua influência e estabelecendo outro padrão de qualidade Disney.
Reimaginando o clássico “Hamlet”, a história segue o príncipe Simba, filho do Rei Mufasa, em suas aventuras errantes pelas planícies da África. Após o brutal assassinato de seu pai por seu tio Scar, Simba foge do reino e de suas responsabilidades, encontrando personagens excêntricos em seu caminho. Confrontado com o futuro da savana em jogo e questionando seu lugar no ciclo da vida, este leão precisa enfrentar as sombras do passado e um tirano, junto com seu exército de hienas.
À sombra da produção de “Pocahontas” – um filme que todos esperavam ser premiado – “O Rei Leão” superou as expectativas de todos, apresentando uma história que cativa imediatamente. Mesclando a elegância de “A Bela e a Fera” com a comédia de “Aladdin”, o conto de Simba retrata uma África colorida e estilizada, ao mesmo tempo sóbria e cruel. Com quadros históricos – ou baseados em fatos reais – “O Rei Leão” é considerado o ápice da animação tradicional e uma das franquias mais rentáveis da Disney Company.
O trabalho de dublagem no filme é um dos melhores, seguindo o sucesso da performance de Robin Williams em “Aladdin”. Um dos dubladores mais influentes da história, James Earl Jones, empresta sua voz ao Rei Mufasa em uma performance imponente e nobre; os premiados atores Jeremy Irons e Whoopi Goldberg dão vida aos vilões Scar e Shenzi com carisma e charme. O elenco é completado por Matthew Broderick, Nathan Lane, Ernie Sabella, Rowan Atkinson, Madge Sinclair e Jim Cummings.
Tim Rice, Elton John, Mark Mancina e Hans Zimmer foram responsáveis pelas músicas. Desde o apoteótico “Ciclo da Vida” até o descontraído “Hakuna Matata”, as composições de Elton John mesclam o ar teatral da dupla Menken/Ashman do início da Renascença Disney com a modernidade que levou à inclusão de Phil Collins e Sting no panteão do estúdio. Por suas contribuições, Zimmer e John receberam o Oscar de Melhor Trilha Sonora e Canção Original.
O filme é uma excelente maneira de introduzir jovens a conceitos como equilíbrio ambiental, fauna, flora e luto, apresentando cenas que marcaram gerações, além da pompa e circunstância que uma história com toques de Shakespeare merece. Como a franquia mais rentável da empresa, é difícil acreditar que animadores e executivos tenham dado mais foco a ‘Pocahontas’ durante os anos de produção.
“O Rei Leão” é um clássico atemporal que, mesmo após trinta anos, ainda atrai fãs. As tentativas de capitalizar com a franquia aumentaram após o lançamento do controverso live-action, mas o charme e a influência do original demoraram anos para serem replicados pela empresa. Poucos filmes detiveram o poder que a história de Mufasa e Simba possui.