Em setembro de 2022, o reinado mais longo do Reino Unido chegou ao fim com o falecimento de Elizabeth II, que havia celebrado o Jubileu de Platina meses antes . ‘Lilibet’, que passou a infância sem a intenção de ocupar o trono, acabou quebrando diversos recordes estabelecidos pela última grande Rainha do Reino Unido, Victoria.
Em 2015, Elizabeth ultrapassou os 63 anos reinados por ‘Vicky’, se tornando a monarca a mais tempo no trono na historia do Reino Unido. Atualmente como a segunda da lista , Victoria – assim como sua descendente- presenciou mudanças culturais e sociais em um período histórico que levaria seu nome. Embora hoje seja apenas uma figura nos livros de história, a Rainha Victoria desempenhou um papel crucial no desenvolvimento da monarquia inglesa.
Nascida em 1819, Victoria ascendeu ao trono britânico pouco depois de completar 18 anos. Nos primeiros anos de seu reinado, a jovem rainha enfrentou consideráveis desafios, envolvendo-se em escândalos e demonstrando pouca aptidão política. Contudo, sua determinação e habilidade para se adaptar às demandas da realeza do século XIX impulsionaram sua popularidade. A Rainha foi a primeira monarca a usar o Palácio de Buckingham como residência oficial, o que se mantém até hoje.
Em 1840, a rainha se casou com seu primo Albert em uma cerimônia suntuosa que viria a definir os casamentos ocidentais até os dias atuais. Além de ser uma união baseada no amor, o casamento representou uma parceria intelectual e uma manobra política notável. O consorte desempenhou um papel vital na modernização e no desenvolvimento social da Grã-Bretanha. A união perdurou por cerca de 21 anos, resultando em nove filhos.
A última rainha da dinastia Hanôver testemunhou a Revolução Industrial e as mudanças sociais significativas que a acompanharam. Seu reinado contemplou avanços tecnológicos, urbanização acelerada e a expansão territorial do Império Britânico. A Era Vitoriana proporcionou um solo fértil para criações culturais, influenciando a sociedade vitoriana e tendo impactos globais.
Além de seu papel como chefe de Estado, Victoria exerceu uma função crucial no desenvolvimento cultural e político. Seu apoio às artes, literatura e ciência contribuiu para o florescimento cultural durante sua era, enquanto sua presença política deixou uma marca duradoura na estrutura do governo britânico e em aspectos extremamente controversos.
A morte prematura do Príncipe Albert em 1861 mergulhou Victoria em um luto profundo, que perdurou por décadas e a afastou da vida pública. Esse período teve um impacto profundo em suas responsabilidades como monarca, constantemente adiadas, mas também contribuiu para sua imagem como uma rainha dedicada e respeitada. Foi nesse luto eterno que Victoria ganhou muito peso, adquirindo a imagem atarracada e enfadonha que passou a ser associada com sua figura.
Seus nove filhos e descendentes integraram diferentes famílias europeias, tornando-se monarcas e consortes em diversas casas imperiais, o que lhe rendeu o apelido de “Avó da Europa”. A soberana também foi o ponto de partida para a epidemia de hemofilia que afetou a realeza europeia, dificultando a vida de inúmeros príncipes e grão-duques.
Durante seu reinado, a monarca cultivou relacionamentos platônicos com figuras curiosas para a época, como o escocês John Brown e o indiano Abdul Karim. Victoria, embora uma figura moralmente inflexível e austera, mantinha um fascínio por culturas além das ilhas britânicas. Esses aspectos da vida da monarca serviram de base para diversos materiais midiáticos em décadas seguintes.
Os jubileus de Ouro e Diamante contribuíram para impulsionar a popularidade da Rainha idosa, de maneira que só seria replicada no reinado de sua tataraneta Elizabeth II, com quem compartilhou muitas semelhanças ao longo da história.
A rainha reumática e morbidamente obesa faleceu aos 81 anos, após muitos meses de saúde abalada, pondo um fim a uma era que moldou a Inglaterra do século XIX. Seu pomposo funeral em 1901 é considerado o primeiro grande evento do século XX.
A vida e o reinado dessa monarca, embora parte de um mundo há muito esquecido, foram fundamentais para o desenvolvimento do mundo ocidental e continuam presentes de diversas formas, seja na popularidade da moda ou como base para a modernização da monarquia.