Durante dez anos, o Universo Cinematográfico da Marvel se consolidou como um gigante do cinema e líder de bilheterias, acompanhando diferentes heróis em suas jornadas individuais enquanto eram, sem saber, observados pelo maníaco Thanos. A conclusão de “Vingadores: Ultimato” encerrou esse plano de uma década, marcando a transição da Marvel para a era dos streamings, que passaram a expandir a narrativa além do cinema. A primeira série dessa nova fase da companhia foi lançada em janeiro de 2021: “WandaVision”. Com a chegada de seu derivado, “Agatha All Along”, ao Disney+, revisitamos a série de sucesso.

Wanda Maximoff e Visão vivem uma vida suburbana em Westview, Nova Jersey, após os trágicos eventos que culminaram na morte de Tony Stark e de muitos outros heróis. Precisando esconder suas habilidades dos vizinhos curiosos e das donas de casa insatisfeitas, o casal de super-heróis percebe que suas vidas bucólicas escondem mais segredos do que aparentam. Enquanto revisitam sitcoms clássicos como “I Love Lucy” e “A Feiticeira” , Wanda começa a trilhar seu caminho rumo a se tornar a entidade que está destinada a ser, enquanto lida com seu próprio luto.

Esquecidos durante boa parte da “Saga do Infinito”, a Wanda de Elizabeth Olsen e o Visão de Paul Bettany tiveram seus desenvolvimentos minimizados ao longo das fases 3 e 4 do UCM, restringindo suas aparições às cenas de ação nos clímax dos filmes. “WandaVision” deu a oportunidade para esses personagens, normalmente coadjuvantes, ganharem protagonismo e explorarem seu potencial. Teyonah Parris, Randall Park e Kathryn Hahn brilham como coadjuvantes, com a Agatha Harkness de Hahn recebendo destaque suficiente para ganhar uma série própria.

A série consegue criar uma atmosfera inquietante em um cenário aparentemente inocente, reminiscentes da era de ouro de “Além da Imaginação”, com cenas desconfortáveis inseridas em meio a homenagens a clássicos da televisão americana. Elizabeth Olsen, mesmo não sendo a vilã que se tornaria em “Multiverso da Loucura”, traz à tona a dualidade de uma mulher quebrada que deseja se sentir completa novamente. Visão, com seu alcance limitado da humanidade, é responsável por frases profundas que nos levam a refletir sobre luto, perda e amor.

A transformação de Wanda na Feiticeira Escarlate na tela é a maneira como os roteiristas concluíram as fases do luto: começando com a negação em um mundo inspirado por “The Dick Van Dyke Show”, passando por diferentes estágios até que Wanda deixe seus sentimentos de lado e permita que tudo volte ao normal. Embora tenham sido relegados ao segundo plano em boa parte dos filmes em que apareceram, a minissérie explorou de forma crua o potencial desses personagens tão complexos.

Com a qualidade narrativa dos Estúdios Marvel decaindo desde o lançamento da minissérie e com seu spin-off a caminho, é importante lembrar a sensação que “WandaVision” se tornou, trazendo à tona o lado encantado desse universo expandido. Mesmo que muitas das ações de Maximoff sejam questionáveis, a série humanizou ainda mais a personagem, ao mesmo tempo que a elevou a uma nova esfera de poder como a Feiticeira Escarlate.

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