Embora seja lembrada por suas franquias cômicas e animações estilizadas, a DreamWorks Studios tem se destacado como um dos principais estúdios de animação dispostos a correr riscos. Enquanto a Disney de Bob Iger apresenta filmes moldados por executivos, a DreamWorks oferece maior liberdade criativa e artística em seus projetos. Essa abordagem pode gerar tanto obras esquecíveis quanto verdadeiras obras-primas — e este é o caso de sua mais recente produção: “Robô Selvagem”.
Após se ver presa em uma ilha habitada por animais e sem ninguém que lhe dê um propósito, a robô-assistente Rozzum “Roz” 7134 assume a responsabilidade de cuidar de um pequeno ganso órfão. Com a ajuda da raposa Fink, Roz prepara a ave para sua primeira migração e, ao longo dessa jornada, começa a questionar sua programação e explorar seus recém-descobertos sentimentos enquanto se aventura pela natureza.
O conceito de colocar um robô em um ambiente orgânico ou fazer com que ele desenvolva sentimentos não é novo no cinema, mas a forma como Roz desbrava o mundo e se conecta com os animais oferece uma perspectiva inédita. A narrativa revela a capacidade da máquina de se adaptar ao meio e de construir vínculos profundos com as criaturas ao seu redor. O diretor Chris Sanders, conhecido por abordar aventuras pessoais em meio a épicos, já demonstrou essa habilidade em produções anteriores, como “Lilo & Stitch” e a franquia “Como Treinar o Seu Dragão”, ao lado de Dean DeBlois.
O filme também explora temas como família, maternidade e aceitação. A relação entre Brightbill, Fink e Roz é genuína e serve como o pilar central da história. Personagens que poderiam ser estereotipados são desenvolvidos de forma surpreendente, enriquecendo a narrativa e resultando em momentos emocionantes. “Robô Selvagem” remete aos clássicos da Era de Ouro da Pixar, tanto por sua força narrativa quanto pela qualidade da animação e o talento envolvido na produção.
Além de abordar o lado brutal do mundo — seja ele natural ou artificial —, o filme destaca a importância da cooperação e da força de espírito para a sobrevivência.
Visualmente, a animação é deslumbrante. A ilha e seus habitantes são retratados de forma estilizada, com designs que evitam o hiper-realismo, mas conferem personalidade única a cada personagem. O elenco de dublagem é estelar, com nomes como Lupita Nyong’o, Pedro Pascal, Kit Connor e Catherine O’Hara, que se entregam completamente aos seus papéis com performances memoráveis. A trilha sonora, por sua vez, desempenha um papel fundamental, amplificando a emoção e a grandiosidade das cenas.
Um verdadeiro triunfo da animação, “Robô Selvagem” tem tudo para se tornar um clássico. Entrando na temporada de premiações, já desponta como favorito ao Oscar de Melhor Animação — ou, quem sabe, a Academia possa reconhecer sua excelência em outras categorias também.