Diana Spencer é uma das figuras mais emblemáticas do final do século XX. Casada com o herdeiro do trono britânico entre 1981 e 1996, a aristocrata abalou as estruturas da Realeza Britânica, se recusando a abrir mão de sua personalidade e aguentar infidelidades do seu marido, o Príncipe de Gales. Mesmo décadas depois de sua morte, em um trágico acidente de carro, a presença de Diana assombra os integrantes da Coroa. No último ano, após o lançamento da quarta temporada de “The Crown”, a trajetória de Diana invadiu o imaginário do público mais uma vez. Nesta temporada, conhecemos e acompanhamos a vida da Princesa de Gales e seu turbulento relacionamento com Charles, Elizabeth e os demais membros da Família Real Britânica.
Nesse ano de 2021, a amada “Princesa do Povo” completaria seus 60 anos e em uma homenagem/comemoração a uma pessoa tão especial, vamos ver um pouco da vida dela.
Diana Frances Spencer nasceu em 1 de julho de 1961, integrante da tradicional família Spencer, conhecida na aristocracia britânica. Seus pais se separaram quando ela tinha somente sete anos, após anos de um casamento conturbado. A infância “infeliz” de Diana foi uma das primeiras das inúmeras desilusões que teria durante sua vida.
Após um período letivo na Suíça, Diana voltou para a Inglaterra e levou uma vida relativamente simples em Londres. Nos anos que antecederam o casamento de Diana com o príncipe de Gales, os hábitos da aristocrata eram relativamente comuns e sua vida também: durante um tempo, foi professora de balé e depois professora de educação infantil.
A Guerra dos Gales: relacionamento de Diana e Charles
Charles, herdeiro do trono britânico, manteve um relacionamento rápido com a irmã mais velha de Diana, Sarah Spencer. Embora o romance não tenha findado, o filho de Elizabeth se aproximou de Diana e os dois começaram a se encontrar… Detalhezinho para manter em mente: Charles tinha 32 e Diana estava com 19 anos.
Os encontros que ela mantinha com Charles chamaram a atenção dos tabloides britânicos, que começaram a cercá-la a todos os momentos. Em 24 de fevereiro de 1981, o noivado entre os dois foi anunciado no Palácio de Buckingham, onde é possível perceber alguns primeiros sinais de receio vindo do noivo, respondendo uma pergunta simples de uma forma que entrou para a história, mas não de uma forma lisonjeira.
“Are you in love?”
“Oh yes!” – Resposta de Diana
“Whatever ‘in love‘ means.“- Resposta de Charles
Diana, na época com 20 anos, e Charles se casaram em 29 de julho de 1981 na Catedral de St Paul. A cerimônia foi vendida como “o casamento do século” para todos e foi transmitida para os quatro cantos do mundo, sendo um sucesso de audiência. Logo que casou, ela recebeu o título de Princesa de Gales e se tornou a terceira mulher mais importante da família (atrás da Rainha e da Rainha Mãe).
Pouco antes do casamento dela, Diana desenvolveu bulimia e passou os primeiros anos de seu casamento muito magra com o transtorno que a acompanhou até o fim de sua vida. Fotos dos primeiros anos dela como Princesa de Gales mostram o estado pouco saudável que ela se encontrava… De acordo com fontes próximas, Diana procurou auxílio da Família Real para batalhar contra a bulimia, mas não recebendo ajuda nenhuma do alto escalão.
Em 1982 ela deu à luz seu primeiro filho, William ( hoje, Duque de Cambridge) e em 1984, teve Harry (hoje, Duque de Sussex). É dito que logo depois do nascimento de Harry, o casamento colapsou: Charles reatou seu relacionamento com Camila Parker Bowles e Diana começou a ter seus próprios casos extraconjugais. Em 1992, o autor Andrew Morton publicou uma biografia da princesa a partir de entrevistas e consultas com a mesma, onde Diana expôs suas dificuldades emocionais e físicas em relação ao casamento e seu papel na Família Real Britânica .
Em dezembro desse mesmo ano, o Primeiro Ministro John Major anunciou no parlamento a separação do Príncipe e de Diana.
Uma rápida pausa em nossa programação para falar de algo que eu gosto de chamar…
“O Efeito Diana”
Ser portadora do título ‘Princesa de Gales’ na monarquia britânica é uma pressão enorme: Se tudo der certo, um dia você terá o título de rainha. Se pararmos para pensar, a bisavó da atual rainha, Alexandra, era muito parecida com Diana em vários aspectos: inovou a moda, atraiu a atenção para a figura da coroa e era extremamente adorada pelo povo (ironicamente, o marido de Alexandra manteve casos extraconjugais com a bisavó de Camila Parker Bowles até o fim da vida). Mas Diana repaginou o título de uma forma que talvez nunca mais vejamos.
Diana deu oportunidade da Coroa se aproximar dos ingleses e se conectarem com um mundo moderno, chamando a atenção muito mais que seu marido e demais integrantes da instituição. A lady trabalhou em prol de melhorar a vida de pessoas que passavam por extremas crises. Suas causas em ajudar as pessoas infectadas com o vírus da H.I.V e sua ações contra minas terrestres são lembradas até hoje.
Diana também foi um exemplo de maternidade dentro da Família Real Britânica. Diferente de sua sogra, conhecida por um certo distanciamento com seus filhos, Lady Di fez de tudo para dar uma infância relativamente normal para seus dois filhos. Em entrevistas dadas há alguns anos, tanto Harry quanto William se lembram com carinho de pequenos momentos com a mãe.
E entre os problemas que Diana passou, sua relação conturbada com paparazzi e tabloides, e o papel destes em sua morte ajudaram na discussão de limites e moralidade deste ramo. falaremos mais disso, daqui a pouco.
Goste dela, ou não, sua presença foi algo único em diferentes camadas. A influencia que Diana teve em áreas de cultura, filantropia, moda e até políticas são retratadas até hoje. Sua nora Catherine, a Duquesa de Cambridge, procura replicar seu estilo de vestir e agir… digamos que não esteja funcionando como ela queria.
Tudo bem, retornamos a nossa programação normal
“”If she doesn’t bend…” “She will break”
Em 1995, Diana deu uma polêmica entrevista ao jornalista Martin Bashir em um dos cômodos do Palácio de Kensington, onde falou sobre seus casos extraconjugais, seu relacionamento com Charles, sua bulimia, sua depressão, e o papel da monarquia no mundo moderno. Foi nessa entrevista que a princesa soltou a icônica frase “Well, there were three of us in this marriage, so it was a bit crowded” em relação a presença constante de Camila em seu casamento.
Pouco depois da entrevista, o processo de divórcio começou. A atenção negativa em relação à Monarquia proporcionada pelo programa foi a gota d’água para a Rainha Elizabeth. O Divórcio conturbado foi finalizado em Agosto de 1996, com os dois lados concordando com: uma guarda compartilhada para Harry e William; uma pensão de 17 milhões de libras e Diana perdendo o título “Vossa Alteza Real” mas, por ser mãe do futuro rei, ainda poderia ser chamada de “Princesa de Gales”.
Após o divorcio, Diana namorou Hasnat Khan, um cirurgião cardíaco, mas (para a tristeza da mulher) o relacionamento acabou em julho de 1997. Pouquíssimo tempo depois, ela já estava em um relacionamento com Dodi Al-Fayed, filho do empresário egípcio Mohamed Al-Fayed (dono da loja de departamento Harrods).
Tudo parecia estar correndo bem para a Diana… mas, todos sabemos o que aconteceu, não é?
Nos primeiros minutos do dia 31 de agosto de 1997, Diana saiu do Hotel Ritz Paris com Dodi, completamente encurralada por paparazzi. A Mercedes Benz onde a princesa estava foi perseguida pelos fotógrafos pelas ruas de Paris. Ao entrar no túnel do Pont de l’Alma, o motorista perdeu o controle e colidiu com uma das pilastras.
Dodi e o motorista morreram na hora, enquanto Diana e seu Guarda-Costas estavam em um estado grave no meio das ferragens. Os paparazzi alcançaram o local do acidente e enquanto muitos tiravam fotos da princesa morrendo, outros se dignaram a tentar ajudar os passageiros restantes. Quando as autoridades chegaram, alguns dos que tiraram fotos foram apreendidos.
Diana foi levada para o hospital em estado muito grave, mas não resistiu aos ferimentos, morrendo aos 36 anos.
As reações de luto são lembradas até hoje como um momento que marcou o final do século XX: milhares de flores foram deixadas em frente ao Palácio de Buckingham, o primeiro ministro Tony Blair imortalizando o termo “Princesa do Povo”, ingleses devastados na frente dos palácios, com fotos e cartões de despedida para a princesa.
Depois de um silêncio que durou uma semana ( e não agradou ninguém), a Rainha Elizabeth fez uma de suas raras declarações falando de como a morte de Diana foi recebida, principalmente pelos filhos. O Funeral da princesa ( disponível no Youtube, para os curiosos) é colocado como um dos momentos mais marcantes do século XX. Uma teoria da conspiração bastante popular é o envolvimento do Duque de Edimburgo (1921-2021) na morte de Diana.
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Assassinato a mando do Alto Escalão da Família Real ou um simples e trágico acidente, a morte de Diana foi o fim de uma vida cheia de altos e baixos e muitas infelicidades… algo bem longe de um “Felizes Para Sempre”
24 anos depois, Diana ainda é um espírito que assombra a Coroa e seus integrantes, por quase ter causado uma crise constitucional. Seu conto de fadas trágico continua sendo retratado em filmes e séries, que exploram seu relacionamento com a Monarquia e com seu ex-marido. Sua história coloca em perspectiva o papel da monarquia no mundo moderno… e se ela ainda é necessária
No fim, a jovem menina cujo o nome foi inspirado na deusa da caça romana foi a mulher mais caçada, sendo a vítima de uma temporada de caça contra a Coroa.