Uma das figuras mais emblemáticas da cultura pop é Dorothy Gale, de “O Mágico de Oz”. A jovem do Kansas expressa ingenuidade, bondade e compaixão em um mundo distante e encantado. No Oscar de 1939, Judy Garland, intérprete de Dorothy, recebeu um Oscar juvenil honorário por sua atuação no musical fantasioso. Garland, nascida Frances Ethel Gumm, tornou-se uma das vozes mais marcantes da Era de Ouro de Hollywood e uma das personalidades mais icônicas da história do entretenimento.
Judy nasceu em uma família de artistas. Seus pais, Ethel e Frank Gumm, administravam um cinema e incentivaram os filhos a se apresentarem desde cedo. Junto com suas irmãs, Mary Jane e Virginia, formou o grupo “The Gumm Sisters”, que realizava pequenas apresentações no estilo vaudeville. Entretanto, Judy rapidamente se destacou por seu talento vocal. Aos 12 anos, em 1930, foi contratada pela MGM, marcando o início de sua carreira em Hollywood. Logo, Frances Ethel Gumm se transformou em Judy Garland, destacando-se por sua voz poderosa e carisma natural. Durante seus anos na MGM, desenvolveu uma forte amizade com Mickey Rooney.
O grande salto de sua carreira veio em 1939, com “O Mágico de Oz”. Aos 16 anos, sua interpretação de “Over the Rainbow” lhe rendeu aclamação mundial e se tornou uma das canções mais associadas à sua carreira e à história do cinema. Este desempenho a consagrou como estrela internacional, e o filme é considerado um dos mais influentes de todos os tempos. Contudo, sua brilhante carreira escondeu uma intensa luta pessoal. Judy enfrentou um regime rígido e explorador imposto pela MGM, incluindo dietas severas e o uso de estimulantes para manter o ritmo exaustivo das filmagens. Essas pressões resultaram em dependência de medicamentos e em uma vida marcada por batalhas contra a depressão e exaustão.
Na década de 1940, Garland continuou a trabalhar incansavelmente em filmes musicais de grande sucesso, como “Meet Me in St. Louis” (1944), dirigido por seu futuro marido, Vincente Minnelli. Seu trabalho consolidou sua imagem como uma das maiores estrelas da MGM e permitiu que sua voz evoluísse ainda mais. No entanto, em 1950, após enfrentar problemas pessoais e profissionais, foi demitida pela MGM, o que representou um ponto de virada em sua vida e carreira.
Após deixar a MGM, Garland passou por dificuldades financeiras e de saúde, mas encontrou sucesso em sua carreira como cantora. Seus shows ao vivo atraíam multidões ao redor do mundo. Um dos pontos altos desse período foi seu concerto lendário no Carnegie Hall, em 1961, considerado um dos melhores de sua carreira e da história da música. O álbum ao vivo “Judy at Carnegie Hall” foi um enorme sucesso, recebendo prêmios Grammy.
Além dos palcos, Garland retornou ao cinema em papéis marcantes, como na segunda versão de “Nasce uma Estrela” (1954) e em “Julgamento em Nuremberg” (1961). Por essas atuações, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante, respectivamente, sendo derrotada por Grace Kelly e Rita Moreno.
Sua vida pessoal foi marcada por altos e baixos, com cinco casamentos e constantes dificuldades financeiras. Judy teve três filhos: Liza Minnelli, Lorna Luft e Joey Luft. Apesar de uma relação próxima com os filhos, sua luta contra o vício e os transtornos mentais afetou profundamente suas relações familiares. Ao longo da vida, ela passou por diversos tratamentos de reabilitação e enfrentou crises de depressão e ansiedade, agravadas por problemas financeiros e batalhas legais com ex-maridos e empresários.
Na década de 1960, Garland continuou a se apresentar ao vivo e a atuar no cinema e na televisão, embora sua saúde deteriorada tornasse suas performances imprevisíveis. Judy Garland faleceu em 22 de junho de 1969, aos 47 anos, devido a uma overdose acidental de barbitúricos em sua casa em Londres.
Judy Garland é amplamente reconhecida como uma das maiores artistas do século XX. Seu trabalho em filmes clássicos, seu estilo vocal único e sua personalidade vibrante a tornaram uma figura atemporal. Seus filhos, especialmente Liza Minnelli, continuam seu legado no mundo do entretenimento. Além disso, Judy se tornou um ícone da comunidade LGBTQ+, em parte devido à sua atuação em “O Mágico de Oz”, um filme que se tornou referência na cultura gay. Sua luta contra as adversidades e sua capacidade de reinvenção fazem dela uma figura de empatia e força.
Mais de 50 anos após sua morte, Judy Garland permanece uma lenda do entretenimento, cuja voz e talento continuam a marcar a cultura popular, sempre nos fazendo lembrar de algo além do arco-íris.