“Do you know what a harlequin is? A harlequin’s role is to serve. It’s nothing without a master. And nobody gives two shits who we are beyond that.”

– Harley Quinn

O Coringa, notório príncipe palhaço do crime, encontrou uma parceira na vida e nos delitos nos anos 90, quando decidiram introduzir Harley Quinn na série animada do Batman. Atualmente, é surpreendente pensar que Arlequina, uma das figuras mais populares nos quadrinhos da DC, foi originalmente concebida para uma única aparição como antagonista do Cavaleiro das Trevas na animação. Com uma nova interpretação da personagem, desta vez pela cantora Lady Gaga no filme ‘Joker: Folie a Deux’, é o momento adequado para revisitar essa figura.

A Dra. Harleen Quinzel, destacada como a principal psiquiatra do manicômio Arkham, acabou se apaixonando por seu paciente mais perigoso, o Coringa. Corrompida e enlouquecida por esse amor, Harleen liberta o criminoso, tornando-se sua cúmplice no crime, e ambos iniciam um relacionamento tumultuado, repleto de insanidades e abusos físicos e mentais. O sucesso de Arlequina levou a personagem a assumir papéis mais relevantes nos quadrinhos, com desenvolvimento independente de seu vínculo com o Coringa, e a explorar relacionamentos com outros personagens do Universo Gotham.

Na série animada, Harley tem seus momentos de destaque, seja compartilhando sua história de origem com o Cavaleiro das Trevas ou buscando reintegração à sociedade após derrotas de seu namorado. As dublagens de Arleen Sorkin e Iara Riça conferiram à personagem uma combinação única de inocência e insanidade.

A popularidade de Harley atingiu novos patamares em 2016, com o lançamento de ‘Esquadrão Suicida’. Essa versão hipersexualizada da personagem, interpretada por Margot Robbie, tornou-se a figura central de um filme questionável, mas cativou o público por diferentes motivos. Produções como ‘Aves de Rapina: a fabulosa emancipação de uma Arlequina’ e ‘O Esquadrão Suicida’ aprofundaram ainda mais essa versão da Arlequina, mostrando que a personagem evoluiu ao lado de Robbie ao longo dos anos, de maneiras que proporcionavam mais foco no desenvolvimento da personagemdo que nas curvas do seu corpo. De certa forma, é difícil imaginar Harley Quinn sem Margot Robbie.

Esta versão da personagem é insana e moralmente duvidosa, mas dominada por seu vasto conhecimento da psiquê humana, mesmo em seu estado mais anárquico. Em cenas de ‘Esquadrão Suicida’ e ‘Aves de Rapina’, as atitudes da anti-heroina revelam um intrínseco conhecimento do cérebro humano, mesmo que o seu esteja caótico 

Além do Coringa, Arlequina é frequentemente associada à sua amizade e romance com Pamela Isley, a Hera Venenosa. Essas duas vilãs protagonizaram momentos marcantes em quadrinhos recentes e tornaram-se uma interação que os fãs anseiam ver nas telas: As Sereias de Gotham, um grupo composto por essas duas anti-heroínas e a Mulher-Gato, já teve filmes cancelados mais de uma vez, para a decepção dos fãs.

O sucesso de Arlequina gerou novos quadrinhos, videogames e animações extravagantes. Sua popularidade, especialmente entre o público feminino jovem, levou à sua transformação, saindo da sombra do clássico vilão e tornando-se uma anti-heroína empoderada e insana. Harleen também serviu como ícone bissexual, seja por seu romance com Hera Venenosa ou por sua representação respeitosa da comunidade.

Na sequência do premiado filme ‘Coringa’, seremos apresentados a uma versão inédita da ex-psiquiatra em um mundo hiper-realista. A insanidade da personagem interpretada por Gaga parece crescer nos bastidores, e é de se esperar que, em seu último ato, a transformação em Harley Quinn esteja completa.

De cúmplice do maior vilão de todos os tempos a uma personagem tão popular quanto, Arlequina tornou-se uma surpresa para os fãs de quadrinhos. Quanto tempo sua popularidade durará, não sabemos ao certo, mas sempre teremos a prova de que sem um ‘mestre’, um Arlequim se torna um perigo.