Finalmente estamos falando de Percy Jackson e os Olimpianos neste site, depois de tantos anos de espera por algo que faça jus aos livros, temos a grande adaptação produzida pela Disney com o próprio autor, Ricky Riordan, como produtor e roteirista. Acho que preciso começar falando que a série não me pegou, mesmo sendo muito fã das aventuras de Percy Jackson. Admito, hoje em dia eu não sou o público alvo e isso, querendo ou não, se deixou bem claro enquanto assistia essa série, da mesma forma que me causou certo incomodo enquanto lia o novo livro da saga lançado no ano de 2023.
Atualmente o que mais me incomoda não é o roteiro que, podendo causar concordâncias e discordâncias, adaptou diversas cenas que deveriam ser impactantes para outras que tem seu peso e valor, mas sim pelo pacing que a edição se propôs a trazer para essa narrativa. Eu entendo plenamente que os livros são frenéticos, principalmente porque estamos falando de um protagonista com TDAH que precisa salvar o mundo a cada 9 meses porque algum deus idiota fez uma burrice (ou para variar, Eros está brincando com Zeus de novo) ou um titã que pretende ressucitar, sem contar o fato que ele é um semideus adolescente. Entendo que retratar os pensamentos desenfreados de Percy na série seria um desafio imenso e quase impossível, mas tentar traduzir o ritmo mental de uma criança com TDAH em uma edição que, infelizmente, falha miseravelmente em transparecer isso torna a série meio que um mix de cenas jogadas com uma linha fina quase arrebentando pra segurar o enredo perante ao seu contexto.
Em questão de atuação (mesmo com uma escolha questionável no elenco como Lin Manuel Miranda como Hermes), eu não tenho o que reclamar, e o trio de ouro ficou fantástico, mas tenho que dar o prêmio de melhor atuação para a Leah Sava’ Jeffries como Annabeth Chase, pois ela encarnou a personagem de uma forma muito perfeita (com ressalva a cena do último episódio que ela fala “eu escutei tudo”).
A série em si foi feita para um novo público, mas bebe do saudosismo geral de todos aqueles que cresceram com Percy Jackson e que reconhecem a história. As suas alterações de narrativa, ao todo, não são ruins e trazem uma dinâmica diferente e mais séria para a trama, mas as vezes eu sinto falta de algumas cenas absurdas como as aranhas de Hefesto na cena do barco no primeiro livro. Sabemos que a compreensão do mundo naquela época em comparação ao que vivemos agora é completamente diferente, então algumas adaptações como a da Medusa se tornaram extremamente benéficas para a intencionalidade da narrativa como um todo.
Enfim, não irei me prolongar muito, porém tenho que dizer que a série funciona como um bom passatempo e uma boa adaptação, mas a forma com que a equipe de edição está executando a narrativa se torna cansativo e, em certo ponto, entediante. Mesmo com todos os defeitos, tenho que dizer que é a melhor adaptação já feita até a data atual. Se você gosta de Percy Jackson e os Olimpianos, dê uma chance, pois vale muito a pena finalmente ver os personagens que você cresceu lendo se tornarem “reais” e completamente conectáveis.