Produzida pela Netfix, a adaptação da obra de Alice Olseman “Heartstopper” chega a plataforma de maneira exuberante, sendo inicialmente projetada como uma web-comic lançada semanalmente no Tapas, tendo sua publicação inicial em 2014 e, posteriormente, sendo publicada em volumes fisicos na qual ganharam fama mundialmente, possuindo traduções em diversas linguas diferentes.

A trama gira em torno de dois personagens: Charlie, um menino que foi retirado do armário durante o último ano do fundamental e que sofreu com as consequências do bullying durante aquele ano. Já Nick, o jogador mais popular do time de rugby da escola que aparenta ser o famigerado estereótipo de “jock”, porém possuindo uma personalidade extremamente fofa e cativante, na qual ainda está se descobrindo através da jornada que é a adolescência. O desenrolar da trama se dá através do desenvolvimento de uma amizade e, que com o passar do tempo, acaba se tornando algo maior.

A série traz uma gama de representatividade, junto a uma abordagem responsável sobre os problemas da adolescência, distúrbios psicológicos, e a jornada de autoconhecimento que é a adolescência. Com isso em mente, Heartstopper se permite ser algo além de mais uma série para adolescentes que fazem parte da comunidade LGBTQIAP+, na qual cria uma identificação maior com o seu público-alvo, porém também abraçando a causa de forma genuína para todos aqueles que já passaram por situações semelhantes.

A produção se atenta no quesito caracterização, sendo fidedigna a obra original. Joe Locke, interprete de Charlie, brilha no papel e destaca ainda mais os traços do personagem. Kit Connor, interprete de Nick, consegue captar o carisma de forma genuína e cativante de sua contraparte na obra original, permitindo a assemelhação imediata com o personagem. O elenco também conta com Yasmin Finney como Elle, uma personagem trans que também é interpretada por uma atriz transsexual, permitindo mais ainda o senso de identificação do público com sua obra. De forma geral, o elenco traz bastante diversidade e abraça de forma cuidadosa todos os aspectos da narrativa, permitindo mais ainda o senso de pertencimento do público junto aos dramas dos personagens.

Em termos de adaptação, o roteiro consegue trabalhar muito bem o conteúdo dos dois primeiros volumes públicados, criando certos apontamentos para o acompanhamento do material original como um todo, entregando uma obra televisiva coesa e exploratória, indo além do material original em certos pontos da narrativa.

Em suma, essa produção consegue captar e diluir todo o conteúdo original de forma orgânica, permitindo que o espectador consiga adentrar mais naquele universo, trabalhando o senso de identificação de jovens que passam por problemas semelhantes, atribuidos principalmente pelos preconceitos da sociedade.

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