A Hollywood clássica, considerada a era das Divas e dos galãs, estava longe de ser um lugar perfeito para se viver, com muitos profissionais passando boa parte de suas vidas guardando segredos e negando rumores em prol de suas carreiras. Uma figura, no entanto, tinha prazer de descobrir segredos, criar rumores e destruir carreiras: a jornalista e colunista de fofoca Hedda Hopper.
Nascida em 1885 com o nome Elda Furry, Hopper foi uma figura controversa e, muitas vezes, desprezada por atores e demais figurões que procuravam manter seus estilos de vida hedonísticos nas sombras. Antes de se tornar uma das colunistas mais perigosas de Hollywood, Hedda arriscou no ramo de atriz durante os filmes-mudos, servindo também como informante de Louella Parsons, a mulher que viria a se tornar sua maior rival: qualquer acontecimento suspeito em set e Hedda informava Louella de imediato e em retorno, Parson elogiaria a “estrela em ascenção”.
Depois de não ter tido seu contrato renovado com a MGM, Hedda Hopper mudou seu trajeto de carreira e teve a oportunidade de começar sua própria coluna de fofoca, com seu primeiro grande furo remetendo ao divórcio de um dos filhos do então Presidente Roosevelt. A partir daquele momento, a rivalidade ferrenha de Parsons e Hooper nasceu.
Diferente das colunas com linguagem melosa e doce que consagraram a carreira de Louella; Os artigos de Hedda eram ácidos e desagradáveis, mas chamavam atenção do olho comum com muito mais facilidade. Sem talento para datilografar, a jornalista ditava o que queria que fosse escrito por seus subordinados. Conhecida pelo uso de chapéus extravagantes e de vestidos em cores chocantes, imagens da jornalista foram utilizadas por nazistas para exemplificar a “Decadência americana”.
Mesmo odiada pela grande maioria da comunidade Hollywoodiana, Hedda era bastante influente, sendo convidada para bastidores de filmes por diretores que esperavam fomento por parte da colunista, fosse este positivo ou negativo
Uma influente republicana no meio de Hollywood, a colunista foi uma peça fundamental para a campanha anti-comunista que ocorreu após a Segunda Grande Guerra. Qualquer associado ao partido ou simpatizante aos ideais, era vítima das canetadas de Hooper, que acreditava deter o poder de terminar adultérios com um simples estalar de dedos.
A jornalista, que chegou a se denominar como uma “Guardiã da moral e de bons costumes”, usava de sua posição única para denunciar aqueles membros da indústria cinematográfica que passavam seus dias em devassidão ou que se desviavam do meio dito como tradicional de se viver. Liderando campanhas com rumores e palavras afiadas, Hedda Hopper foi a responsável por boicotar a imagem pública de Ingrid Bergman, Dalton Trumbo e Charles Chaplin, o que levou os dois artistas e o roteirista a abandonarem Hollywood por anos.
A teia de intrigas e rumores de Hopper se desfez em fevereiro de 1966, com a morte da colunista. Ela tinha 80 anos e deixou um inventário de quase 500 mil dólares, incluindo a mansão que, como gostava de falar, ‘o medo ajudou a construir’.
Associada a fofoca e rumores, a presença de Hedda continua em qualquer projeto ambientado na Era de Ouro de Hollywood, com sua mera existência sendo temida pelos personagens, que clamam “se existe, Hopper acha” . Uma figura política e de certa forma impiedosa, que procurou atacar a devassa e hedonista máquina hollywoodiana por dentro.