Nova geração, novas regras… Só que não. Enquanto Scream 4 (2011) reinventa a franquia de forma genuína com plot-twists extremamente imprevisíveis e com uma premissa nova envolvendo os “personagens-legado”, Scream (2022) se baseia nas regras originais e no saudosismo do fandom… Porém em forma de crítica.

Remakes sempre dão o que falar, não é mesmo? Reebots aumentam o patamar de ansiedade num nível muito alto… Agora e se juntarmos os dois? Esse filme faz isso. Somos apresentados a um termo novo chamado de “requel” (termo que mistura reboot com sequência), permitindo que antigos personagens apareçam para guiar os novos e iniciar uma nova trajetória (só que nesse caso, um novo rastro de sangue e corpos). Juntar uma franquia que satiriza todos os clichês do cinema slasher como crítica em uma narrativa envolvente que trás o público na imersão para descobrir quem está por trás da fantasia de Ghostface junto a suas motivações é o que move o fandom. Porém o que aconteceria quando o fandom também é satirizado?

A maior crítica que o filme passa é sobre o fandom tóxico que diversas franquias possuem e como essa onda de remakes/reboots geram um frenesi positivo ou negativo nesse público apaixonado por esse universo. Várias discussões são levadas ao filme, porém não diria que são muito efetivas a partir do momento que não existe mistério suficiente na trama que nos faça perguntar “quem é o assassino”. Os posters não mentiram, o assassino está presente na maioria deles e é extremamente previsível. Como diria a Sidney, não mexa com o original.

Todos os personagens de Scream (2022) tem uma ligação direta ou indireta com os personagens originais que iniciaram a franquia e isso que tenta mover a trama, mas infelizmente não conseguem. Personagens mortos retornam das cinzas através de seus familiares e, alguns personagens insuportáveis, são varridos para os sete palmos como forma de agradecimento. Nada e tudo fazem sentido ao mesmo tempo, entretanto é cativante ver velhos personagens voltando, mas não como protagonistas e sim como personagens de suporte para essa nova geração de perseguidos pelo assassino mascarado.

Meu maior problema foi o uso da metalinguagem a partir do preceito de que o filme é um extremo copia e cola do primeiro, só que atualizado para o ano de 2022 e com algumas pequenas mudanças. Temos a cena inicial clássica, temos cenários antigos retornando, temos personagens sendo lembrados e temos shots idênticos a obra original que, querendo ou não, fazem parte dessa crítica, mas que no final não agregam em nada a narrativa da franquia ao todo. Até mesmo referências a série Scream (2015-2016) foram colocadas dentro do plot-twist principal que, por incrível que pareça, é revelado logo nos primeiros 20 minutos de filme.

Por mais que eu tenha me divertido horrores e ter rachado de rir com as cenas, o filme carece de uma originalidade e desenvolvimento de personagens, pois todos tem praticamente a mesma personalidade (tirando a professora enredo que é extremamente incrível e divertida). Eu diria que o filme seria melhor se tivessem diminuído um pouco do saudosismo para fazer essa crítica e implementado motivações e personalidades distintas para cada um dos personagens.

Eu como fã da saga desde que me entendo por gente, coloquei os prós e os contras desse filme na balança e posso afirmar que existem muito mais prós do que contras. Quem nunca assistiu os filmes da franquia, vai com certeza se divertir horrores, e quem já assistiu e gosta, vai se divertir também. Espero realmente que façam uma continuação na qual exista um desenvolvimento de personagem mais trabalhado (e que possua mais mortes também, porque dessa vez foram muito poucas).

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