Ryan Murphy é um dos nomes mais comentados no atual mundo do entretenimento. O criador de Glee e American Horror Story  firmou um contrato com a Netflix e só em 2020 aumentou consideravelmente o catálogo do canal de Streaming: a segunda temporada de “The Politician”, as primeiras temporadas das séries de época “Hollywood” e “Ratched”, o filme “Boys in the Band e a adaptação do musical “The Prom”. Murphy no entanto peca muitas vezes em qualidade: muitos personagens, tramas incoerentes, e um “otimismo” ingênuo derramado pela história. “The Prom”, no entanto, não se apoia em dois desses malefícios, o que torna a adaptação do musical de 2016 uma boa alternativa de entretenimento e um dos trabalhos mais agradáveis de Ryan.

O filme conta a história de Emma Nolan, uma menina que ao demonstrar interesse em levar a namorada, teve o baile da escola cancelado pela associação de pais e professores. Quatro fracassadas estrelas da Broadway veem a situação como um meio de conseguir boa publicidade após receberem duras críticas em um recente musical . Dispostos a se ajudarem enquanto ajudam Emma, os quatro veteranos viajam até  a cidadezinha de Indiana e acabam se envolvendo demais .

O marketing do filme focou nas estrelas caídas e não culpo: Meryl Streep, Nicole Kidman, Andrew Rannels e James Corden roubam a cena em diferentes momentos. Streep arrasa como Dee Dee Alen, uma artista narcisista e egoísta que nos prende diante a tela em quase todo o momento diante as câmeras, seja cantando em um número musical de parar o trânsito ou tirando dois prêmios Tonys da bolsa; Nicole Kidman é subaproveitada, mas é responsável por um dos pontos altos do musical, onde espelha o lendário Bob Fosse. 

A presença de James Corden nesse filme é… complicada. O astro da fracassada adaptação de “Cats” interpreta Barry Glickman, que compadece com a situação de Emma por já ter passado por uma situação parecida. A interpretação de um homem gay estereotipado que Corden (um homem heterossexual) nos dá, pode beirar o ofensivo para muitos e suas cenas dramáticas não conseguem atingir seu potencial emocional que o filme acredita que tem, muito por causa da sua atuação inconstante. Com certeza, ele é um dos fatores mais divisivos. Kerry Washington interpreta a líder conservadora da Associação de Pais e Professores e proporciona cenas de rasgar o coração; enquanto Keegan Michael Key interpreta o charmoso e bem-humorado diretor que apoia Emma em sua jornada . Jo Ellen Pelman e Ariana DeBose nos entregam o casal protagonista cheio de carisma e química e suas atuações chegam a igualar a de alguns de seus veteranos.

As músicas parecem se encontrar em uma orquestração mais animada (o que não é um defeito para mim) e tentam mesclar o ritmo frenético da Broadway com algo mais eletrônico e moderno.  A maior parte da Soundtrack é composta por músicas contagiantes e que vão grudar na cabeça por dias. Infelizmente, alguns dos números musicais são compostos de cortes rápidos e edição confusa, o que impede a perfeição do conjunto.

A edição é um dos pontos fracos, proporcionando cenas que fluem de forma nada natural e que nos privam de coreografias bem trabalhadas. A iluminação, por outro lado, é um dos pontos fortes desta produção, se aproveitando ao máximo da vibe teatral, presente desde o primeiro minuto de filme.

“The Prom” é uma adaptação sólida, com atuações brilhantes (e algumas decentes), e é um dos melhores trabalhos de Ryan Murphy, onde ele celebra a diversidade usando seu ingênuo otimismo. Talvez, depois de um ano tão desgastante como 2020, um musical como esse era exatamente o que algumas pessoas precisavam.

P.S-Se você tem um coração fraco, assista o filme com lencinhos de papel do lado.

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