Eu como um grande fã de mundos mágicos e afins não poderia deixar de falar dessa série incrível que retrata a magia como um artifício que não ultrapassa os dramas da vida real.

Não tenho palavras pra descrever o quão incrível e torturante foi essa experiência (explico isso mais tarde) ao assistir essa obra prima. A série conta a história de Quentin Coldwater, um personagem quebrado psicologicamente que usa o mundo mitológico de Fillory como um escape da sua realidade na qual ele acompanha desde criança através dos livros do aclamado Christopher Plover, porém tudo muda quando ele é selecionado para estudar em Brakebills – uma universidade apenas para magos – onde ele descobre seu lugar no mundo e passa a viver a vida que ele sempre mereceu. Tudo bem que essa premissa é bem “potteriana”, porém a forma que ela é trabalhada chega a ser superior a obra de Rowling na minha opinião.

Bebendo da fonte da jornada do herói de forma clara, ao mesmo tempo essa obra subverte tudo que já fora apresentado sobre magia ao se mesclar aos dramas da vida adulta, mostrando as adversidades da vida adulta junto a um universo regado de drogas, sexo e traumas. Ela trabalha a magia como um artifício, mas não como a solução de todos os problemas, então tudo que é apresentado tem um contexto que se entrelaça com a vida real.

A abordagem de situações traumáticas é algo muito bem representado a partir de cenas pesadas (diga-se de passagem uma cena de estupro e todas as consequências que a mesma causou a certa personagem da trama), junto a exploração das relações interpessoais entre os personagens em questão, chegando a um ponto que a magia passa a ser ignorada e o foco se torna a saúde mental dos personagens em relação ao turbilhão que se mostra como antagonista nessa história.

Toda a parte do “vilão” é muito bem trabalhada, mostrando o desenvolvimento de traumas e a forma que ele se constrói na índole do personagem que protagoniza esse papel, levando a audiência a acreditar que todos ali são capazes do mesmo, até mesmo os mocinhos. Chega a dar um aperto no coração ao ver o destino de certos personagens e a forma na qual eles encaram isso, até mesmo questionando se aquilo que ele fez era uma forma de escape ou um ato de coragem… Pra quem sabe ler, um pingo é vírgula.

O que eu tenho a dizer sobre essa série é: mudou minha maneira de pensar e me ensinou diversas lições sobre meus limites e minhas angústias, ao mesmo tempo que me ajudou a crescer e entender quem eu sou através da ótica de um certo personagem que com certeza é um dos melhores já feitos para uma série.

O jeito que o roteiro mescla realidade e fantasia é algo digno de se assistir, pois você se vê imerso dentro daquele universo e se identifica com traços de cada personagem, na qual é mostrado que não existe a dualidade entre branco e preto, e sim uma gama de tons de cinza que merecem ser analisados um a um para buscar entender os princípios e ambições de cada um ali dentro.

Tenho a audácia de dizer que ela se tornou a minha série favorita e, ao mesmo tempo, não conseguirei assistir ela de novo por um bom tempo até pelo fato de coisas que me marcaram profundamente devido a situações parecidas na qual eu já vivi, me levando a buscar entender certos aspectos da minha vida e uma forma de trabalha-los.

Assistam The Magicians.

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