“Você Quer Brincar na Neve?”

A quantidade de pais que, provavelmente, tiveram que escutar essa pergunta repetidas vezes é difícil de calcular. Essa foi uma das muitas frases popularizadas pelo longa-metragem animado “Frozen – Uma Aventura Congelante”, da Walt Disney Animation, uma reimaginação do conto “A Rainha da Neve”, do autor dinamarquês Hans Christian Andersen. Dirigido por Jennifer Lee e Chris Buck (que também dirige “Wish – O Poder dos Desejos“, o mais recente fracasso dos estúdios Disney), o musical animado é considerado um divisor de águas para a Disney, inaugurando uma nova era de produções.

A história da rainha do gelo, que acidentalmente congela seu reino, encantou espectadores ao redor do mundo com impressionante rapidez. Em sua tentativa de consolidar essa nova fase das princesas Disney, “Frozen” se distancia das protagonistas clássicas dos anos 1990, como “A Bela e a Fera”, “A Pequena Sereia” e “Pocahontas”. Explorando temas já abordados em filmes como “Lilo & Stitch” e “Irmão Urso”, “Frozen” busca retratar atos de amor que não dependem necessariamente de um romance, focando no vínculo de afeto entre as duas princesas.

A aventura gelada faz parte de uma tendência iniciada pelo musical “Encantada”, com filmes que fazem comentários metalinguísticos e brincadeiras com os arquétipos tradicionais da empresa, como a ingenuidade de se casar com alguém recém-conhecido ou a ideia de que o beijo de amor verdadeiro é a solução mágica para os problemas. Diferentemente de produções contemporâneas como “A Princesa e o Sapo” e “Enrolados” que ainda tentavam reproduzir o sentimento da Renascença Disney, “Frozen” se apresenta como um passo promissor para a Disney, conquistando tanto executivos quanto o público.

“Frozen – Uma Aventura Congelante” garantiu à Disney Animation seu primeiro Oscar de Melhor Animação, além do prêmio de Melhor Canção Original com “Let It Go”. Esse hino de libertação de Elsa alcançou o topo das paradas mundiais, enquanto o filme quebrou recordes de bilheteria, tornando-se a animação mais lucrativa da história, com US$ 1,6 bilhão arrecadados até 2019. O sucesso avassalador de “Frozen” fez com que suas protagonistas, em vez de serem integradas ao grupo das Princesas Disney, ganhassem uma franquia própria.

O filme deu início à tendência de modernizar as princesas da Disney, transformando-as em ícones feministas, sem perder a delicadeza, elegância e feminilidade associadas às princesas clássicas do estúdio. A animação dirigida por Jennifer Lee marcou o início de uma segunda renascença para a Disney, que passou a oferecer filmes mais contemporâneos – ainda que nenhum tenha alcançado o nível de aclamação de “Frozen”.

A sequência de “Frozen” chegou aos cinemas em 2019 e, apesar de quebrar os recordes de seu antecessor, teve uma recepção crítica mista. Recentemente, foram confirmados um terceiro e um quarto filmes, com a promessa de levar a franquia a novos patamares em termos de animação, música e narrativa.

Mais de dez anos após o lançamento, “Frozen” continua sendo um titã que alterou os padrões da Disney e revolucionou o estúdio. A maneira de criar princesas nunca mais foi a mesma após Anna e Elsa. Embora possa parecer saturado devido à repetição constante, o filme se consolidou como uma das animações mais importantes do século XXI.